De acordo com o radialista Marcelo Marcondes, idoso de 72 anos é o responsável pela atitude que surpreendeu até o delegado, em Jales (SP).
Celular foi encontrado em lixeira de Jales — Foto: Arquivo Pessoal/Marcelo Marcondes
Um catador de matérias recicláveis de 72 anos surpreendeu o radialista Marcelo Marcondes ao encontrar o celular dele avaliado em cerca de R$ 2 mil jogado em uma lixeira e levá-lo para a delegacia da Polícia Civil de Jales (SP).
Ao G1, Marcelo contou que trabalhou toda manhã de sábado (31) e foi para a casa arrumar as malas para viajar a Borborema (SP). Com pressa, ele pegou uma pizza que estava na geladeira para comer durante o trajeto.
“Eu coloquei o pedaço de pizza em uma sacolinha plástica, entrei no carro e pedi para minha mulher dirigir. No meio do caminho, decidimos parar para comer um salgado em um estabelecimento na região central da cidade. Quando eu sai do carro, eu peguei a sacola e joguei no lixo”, afirma.
Sem perceber que havia se enganado e jogado o celular junto com o alimento na lixeira, Marcelo comeu o salgado, saiu do estabelecimento, passou ao lado da lixeira, abasteceu o carro e seguiu viagem.
“Em um determinado momento, eu senti falta do aparelho celular. Eu fiquei desesperado. O aparelho celular é uma extensão do nosso corpo. Eu tenho a mesma linha há 15 anos. Imediatamente, eu voltei até a lixeira porque imaginava que tinha me enganado”, afirma.
Celular foi encontrado em lixeira de Jales — Foto: Arquivo Pessoal/Marcelo Marcondes Celular foi encontrado em lixeira de Jales — Foto: Arquivo Pessoal/Marcelo Marcondes
Celular foi encontrado em lixeira de Jales — Foto: Arquivo Pessoal/Marcelo Marcondes
Ao chegar no local, o radialista percebeu a presença de um homem perto da lixeira, mas decidiu não abordá-lo. Sem saber o que fazer, o radialista retornou ao imóvel dele.
“Eu voltei para casa para tentar rastreá-lo. No entanto, o aplicativo estava apontando uma rua em que não era possível ele estar. Eu fui até lá, mas não consegui localizá-lo. Então, eu decidir ir viajar e tentar resolver o problema em Borborema”, afirma.
O radialista também contou ao G1 que se sentiu com tédio sem o celular e que as filhas dele só falavam nisso. Pensando nas alternativas que ainda pareciam possíveis, ele procurou o que poderia fazer na internet e descobriu a existência de aplicativo..
“Eu consegui rastreá-lo no celular da minha esposa por volta das 23h30. Para minha felicidade e espanto, eu percebi que o endereço apontado era exatamente o da delegacia da Polícia Civil. Depois disso, eu consegui dormir tranquilamente”, brinca.
Entrega
Com a certeza que o aparelho celular estava em boas mãos, o radialista acordou na manhã do domingo (1º) e ligou para a delegacia, mas o policial que atendeu afirmou que não sabia onde o aparelho estava.
“Quando eu cheguei em Jales novamente, às 16h, eu fui direto para a delegacia. Um boletim de ocorrência tinha sido registrado. Fizemos um adendo de devolução. O celular estava impecável”, conta.
Marcelo Marcondes perguntou quem tinha devolvido o celular ao escrivão e ficou emocionado quando escutou que um catador de recicláveis de 72 anos tinha ido até a delegacia
Celular foi devolvido na Polícia Civil de Jales — Foto: Patrick Lima/TV TEM
“O senhor disse ao escrivão que não queria nada em troca, nenhum tipo de recompensa. Eu ainda não consegui encontrá-lo, mas vou até a casa dele para prestar algum tipo de ajuda e, principalmente, agradecê-lo para atitude”, conta.
Ainda não há uma data fixa para o encontro acontecer, mas o radialista acredita que irá ainda nesta semana no endereço do catador
“Você vê um idoso da idade dele catando latinha na rua por não ter condições financeiras de bancar a família tomar uma atitude dessa é emociante. Isso demonstra que ele é honesto. Mesmo na situação em que se encontra, ele não perdeu o caráter”, completa.
A atitude simples do idoso impressionou até mesmo o delegado Sebastião Biasi.
“O catador entrou na delegacia, entregou o celular ao plantonista, registrou um boletim de ocorrência e foi embora. O dono do celular ficou muito feliz quando foi pegá-lo. Algo assim nunca tinha acontecido comigo”, afirma.