Em vídeo, prefeito Edinho Araújo diz que a situação é "dinâmica" e que voltará a avaliar os decretos na próxima segunda-feira
Paulo Sader, presidente da Acirp, afirmou que vai se reunir com prefeito Edinho Araújo (Foto: Johnny Torres/ Diário da Região)
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp), Paulo Sader, procurou o prefeito Edinho Araújo (MDB) para fazer um pedido especial: a antecipação da abertura do comércio da cidade para o início de abril. Ele disse que foi procurado por diversos comerciantes do município relatando que não vão conseguir pagar as contas e "vão quebrar".
Sader propõe a Edinho que faça um balanço até o dia 5 de abril para avaliar a curva de contágio e de mortalidade do novo coronavírus no município. Decreto municipal de calamidade pública na cidade prevê o fechamento do comércio até o dia 15 de abril. "O que vou pedir é para que seja feita uma avaliação mais brevemente do que está previsto no decreto, que é o dia 15 de abril. Vou pedir para que se faça um balanço mais precocemente. Fazer um balanço para dar um horizonte para o empresário", afirmou Sader na quarta-feira, 25.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito de Rio Preto diz que na próxima segunda-feira, 30, voltará a avaliar os decretos que emitiu. "É uma situação dinâmica, que nos orienta sempre a parte científica, técnica, sem perder de vista a questão econômica", disse Edinho.
'Os comerciantes estão preocupados', diz Sader
O presidente da Acirp admitiu que conversou com representantes da Secretaria de Saúde que alegaram que ainda não houve tempo hábil para fazer uma avaliação do cenário. Sader disse que os comerciantes querem saber se o governo vai precisar de mais tempo ou pretende introduzir o isolamento vertical para pessoas no grupo de risco ou que estejam doentes.
"Os comerciantes estão preocupados. Estão argumentando que estão quebrando e não vão aguentar. Que precisam pagar a conta. Tem várias demandas, conforme o seguimento. O pessoal de bares e restaurantes não conseguem fazer delivery porque não são conhecidos por isto. E não podem abrir porque não pode ter consumo no local. E tem toda a cadeia produtiva por trás", afirmou o presidente da Acirp.
Sader teme que outros setores podem parar, como é o caso dos caminhoneiros. "Tem bastante coisa funcionando. Os mercados não têm problemas de abastecimento. Mas, se os caminhoneiros pararem pode abrir tudo que não tem negócio", afirmou.
A flexibilização do comércio é defendida por comerciantes. "Acho que tem de tomar as precauções, mas sem exageros. O governo federal quer abrir e o estadual e Prefeitura fechar. Pode chegar num meio termo, como funcionar comércio em horário reduzido. Da forma que está sendo feito vai arrebentar a economia. Eu tenho ótica e posso fazer serviço delivery. Não tem como", afirmou o empresário Carlos Furlaneto. Ele fechou as portas da loja que possui no Calçadão.
Até mesmo comerciantes que podem ficar com mercado aberto reclamam de dificuldades com vendas limitadas. "Acho injusto fechar todo comércio de uma vez. Tenho mercado, mas não posso vender comida para consumo aqui. O movimento caiu muito. E também está faltando produto. Não conseguimos comprar produtos como arroz porque não entregam. Tudo vai parando", disse Davi Aparecido, que tem minimercado na região norte.
O vereador Jean Dornelas (sem partido), presidente da comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, afirma que foi procurado por comerciantes depois do discurso do presidente Jair Bolsanaro contra o "isolamento social". "O Bolsonaro incendiou a situação. Não posso dizer se está certo ou errado, mas sou favorável à flexibilização gradativa do horário no comércio". O vereador disse que irá encaminhar pedido oficial ao prefeito para avaliação de mudança no fechamento do comércio.
*Diário da Região
Presidente da CNI defende 'volta gradual'
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defendeu nesta quarta-feira, 25, a volta gradual do comércio e da produção industrial. "Estamos estudando propostas que possamos levar ao retorno gradual da economia", afirmou. Assim como o presidente Jair Bolsonaro, Andrade defende isolamento parcial, apenas para idosos e doentes.
As ações de isolamento para todos sem distinção são recomendações de autoridades sanitárias, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), como a única forma de evitar a disseminação da doença em estado de transmissão sustentada, ou seja, quando não se sabe a origem da contaminação.
Para Andrade, a área econômica do governo federal está "morosa" na ação para combater os efeitos da pandemia na atividade. Ele defende o adiamento do pagamento de impostos pelas empresas e da entrega do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Também diz que o governo deve usar com os servidores públicos o mesmo "remédio" dado aos trabalhadores da iniciativa privada: corte de salários e de jornada.
O presidente da CNI, com 72 anos, foi um dos infectados pela Covid-19 e completou nesta quarta, 25, o período de quarentena. Ele e outras 23 pessoas que estiveram com o presidente na viagem aos EUA, no início de março, testaram positivo para o vírus.
"Temos conversado com as lideranças empresariais. O que acontece é que a situação após o pico da crise pode ser muito pior do que a gente imagina. As crianças, as pessoas que estão na fase de estudo, não têm muito risco, mas não adianta ir para aula, porque tem aglomeração. Como isolar as pessoas idosas e deixar o resto voltar à normalidade de maneira gradual? Isso deveria estar sendo pensado pelas autoridades e governos. Como fazer que a economia volte de maneira muito gradual para que não tenha muito impacto no desemprego e na falta de recursos financeiros para a sociedade", afirmou ele, endossando as palavras de Bolsonaro, que defende o fim do confinamento em massa.
Para ele, a medida ideal é uma volta gradual à rotina. "Defendo, sim, uma volta gradual - do comércio, das atividades econômicas, da produção industrial - buscando uma forma de isolar as pessoas de riscos, as que têm doença ou que estão numa faixa elevada de idade. Está havendo muita briga política nessa questão por poder".
*Agência Estado