Todos os casos foram descobertos após denúncias anônimas; ao todo, 103 cachorros de raça foram resgatados
Cento e três cães foram resgatados de canis clandestinos em Rio Preto — Foto: Reprodução/TV TEM
Somente nos primeiros meses de 2020, três canis ilegais foram descobertos em diferentes regiões de São José do Rio Preto (SP). Ao todo, 103 cães de raça foram resgatados de situações de maus-tratos.
De acordo com a diretora da Diretoria do Bem-Estar Animal (Dibea), Karol Prado, todos os casos vieram à tona depois de denúncias anônimas.
“A importância de denunciar é que conseguimos chegar até o problema. Sem denúncia, sabemos da existência, mas não conseguimos alcançar a resolutividade”, explica a diretora.
Todos os cachorros resgatados em situações de maus-tratos foram encaminhados para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Rio Preto.
“Os animais passam por avaliação clínica e procedimento de esterilização. Depois disso, são encaminhados para doação por meio de nosso parceiro, a Organização Não Governamental (ONG) Fauna”, diz Karol.
Yorkshire, pinscher e Shih-Tzu
O primeiro canil foi descoberto no dia 21 de janeiro. Dezenove cachorros das raças Yorkshire, Pinscher e Shih-Tzu foram encontrados em um imóvel, no bairro São Deocleciano, Zona Leste do município.
Os oito filhotes e 11 adultos estavam sujos, presos em um ambiente escuro e sem ventilação. Alguns deles aparentavam estar doentes e outros com parasitas.
Cães de raça são resgatados em canil clandestino em Rio Preto
Na época em que o flagrante foi realizado, a Prefeitura de Rio Preto informou que o local funcionava como um canil de vendas, mas que o proprietário não tinha controle de prenhez e nem de vacinação.
Os donos do imóvel foram autuados pela lei de crime ambiental e também por uma municipal que proíbe a existência de canis em casas.
Shih-tzu
No mês de fevereiro, 66 cães de raça foram resgatados de um canil clandestino, em um dos inúmeros condomínios fechados da cidade.
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Sessenta e seis Shih-tzu, sendo 60 adultos e seis filhotes, foram encontrados em situação totalmente irregular. Os animais viviam soltos por todo o imóvel.
Os filhotes ficavam em uma gaveta adaptada para acomodá-los. A quantidade de animais por cômodo também chamou a atenção.
De acordo com a Polícia Militar, que deu apoiou a ação, o mau cheiro, as péssimas condições de higiene e o barulho incomodavam a vizinhança.
A moradora foi autuada em R$ 198 mil por praticar ato de maus-tratos a animais domésticos e pode responder por crime ambiental.
Como os animais estavam debilitados, todos foram acompanhados por veterinários. Uma escola de banho e tosa acolheu 20 cães e realizou a limpeza.
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Spitz alemão
Menos de um mês depois, no dia 3 de março, onze adultos e sete filhotes da raça spitz alemão foram resgatados, também em um condomínio de Rio Preto.
Cães da raça spitz alemão são resgatados de canil clandestino em condomínio de Rio Preto
Os animais foram encontrados em gaiolas pequenas de ferro. O dono do imóvel confessou que não soltava os animais por falta de espaço físico no imóvel e que a renda dele era obtida pelo comércio deles.
Ele recebeu uma notificação administrativa e será investigado por maus-tratos a animais.
Canil legalizado
O ideal é adotar um animal que está à espera de um novo lar e não pagar para levá-lo para casa. No CCZ de Rio Preto, por exemplo, existem cães e gatos à espera de um novo lar.
Contudo, se a pessoa não quer abrir mão da possibilidade de comprar um cachorro, ela precisa descobrir, ao menos, a procedência dele.
“É importante se você consegue visitar esse local, esse canil. Se você conhece o veterinário, saber dele quais são essas condições, porque ele é o profissional que vai estar ali, que vai acompanhar a sanidade desses animais, saber a qualidade de vida deles e a própria saúde das ninhadas que vão vir”, afirma o veterinário e fiscal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Mauro Freitas.
O veterinário explica que no site do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) é possível encontrar a lista com os canis regularizados. O nome do médico veterinário responsável pelo local também estará disponível.
Ao comprar um gato ou um cachorro sem saber a procedência e de que forma os animais foram criados, a pessoa estará fomentando o comércio ilegal.
“Nessas situações não há um profissional que é responsável pelo tratamento. Você pode vir a pegar um animal que pode ter problemas”, afirma.
Mauro afirma que o correto é deixar o animal com a mãe por pelo menos 60 dias. Levá-lo para casa antes do término do período pode gerar complicações.
“Por isso é importante procurar um canil que seja regular, que se preocupe realmente com o padrão da raça e que vai ter uma preocupação em não passar esses tipos de problema nas ninhadas futuras."
Fonte: G1 Rio Preto e Araçatuba