Santa Casa possui a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante desde 2012, realizando 526 captações
Doação de órgãos: vida e esperança para quem mais necessita (Foto: Santa Casa de Votuporanga)
Há exatos 10 anos, o mecânico de caminhões Antônio Pelar Dias celebra seu renascimento. Com gratidão no coração, ele tem uma missão: aproveitar o que tem de melhor em sua família e amigos, além de ajudar os outros. Em sua oração, mentaliza pessoas que nem conhece, mas que foram responsáveis pela sua VIDA!
Antônio foi diagnosticado com enfisema pulmonar, causada pelo cigarro. A doença mudou sua rotina. “Eu não conseguia fazer mais nada, sentia muito cansaço. Procurei médico em Votuporanga, mas o quadro foi se agravando. Fui transferido para São José do Rio Preto, parei de fumar, mas a doença foi piorando”, disse.
Foram quase seis anos lidando com a doença. “Perdi muita massa muscular por falta de oxigenação no organismo. Fazia fisioterapia três vezes na semana, até esperar o transplante. Não foi nada fácil. Usava oxigênio 24 horas, estava bem debilitado”, recordou.
Foram nove meses na fila, aguardando um doador. Esperando seu herói. “Não existia equipe de transplante em São José do Rio Preto, apenas nas capitais Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e São Paulo. Aguardei a implantação de uma comissão para os procedimentos e deu certo”, disse.
Seu Antônio não deixa de agradecer pela sua vida desde então. Nem por um minuto. “Se estou vivo, é por causa de Deus e por uma família, que autorizou a doação. Sem esse “sim” deles, eu não estaria aqui. Hoje busco conscientizar as pessoas da importância deste ato, que realmente salva vidas. Quero incentivar a população sobre esse gesto de amor”, frisou.
Casos como do mecânico servem de inspiração para a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) da Santa Casa de Votuporanga. Atuando desde 2012, a Comissão está vinculada à Equipe da OPO-SJRP (Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base) que promove a ligação com a rede Nacional de Transplantes. O serviço da CIHDOTT oferece a chance de doar os órgãos e multiplicar o gesto, colaborando no ato da doação e também insere o Hospital no sistema nacional de transplante.
Desde sua implantação, foram realizados 526 captações, entre elas: 526 córneas; 12 rins; 4 fígados; um coração e uma válvula cardíaca. Somente neste ano, foram 88 doações entre elas: 88 córneas; seis rins; dois fígados e uma válvula cardíaca. “A nossa maior importância na atuação é transformar o momento de luto do familiar do paciente na possibilidade de doação de órgãos e tecidos para transplantes. A comissão se empenha neste processo, acompanhando desde o início e, assim, salvando vidas”, explicou a Coordenadora de Enfermagem da CIHDOTT, Kelly Roberta Trindade Almeida.
Na busca pela conscientização, os profissionais se empenham no diálogo com os familiares. “Lidar com o luto de uma família é difícil e demanda de uma comunicação com muito respeito e empatia. A equipe está sempre preparada, com formação de diversos treinamentos e capacitações relacionados à “comunicação de más notícias”. Entretanto, não existe um modelo ideal. O que deve prevalecer são respeito pelo falecimento, o amor pelo próximo, o desejo do possível doador e a esperança. O nosso maior desafio é a falta de informação da população à respeito do serviço, mas a abordagem respeitosa pode mudar este cenário”, ressaltou.
A CIHDOTT é formada pelos enfermeiros Bruno Henrique Chiqueto, Vanessa de Oliveira Silva; técnico de Enfermagem, Wilson Luis Poloni, a coordenadora de enfermagem Kelly Roberta Trindade Almeida e os médicos Dra. Ligia Maria Duarte Tellis; Dra. Natalia Acquaroni Gondim; Dr. Luiz Augusto Antunes Glover; e Dr. Wagner Moneda Telini.
O provedor da Santa Casa, enalteceu o trabalho da Comissão. “Realiza trabalho de abordagem fundamental para esse processo de captação, é uma tarefa árdua e que apresenta um gesto nobre de amor ao próximo. Aproveito para agradecer também as famílias dos doadores, mesmo em um momento de dor, vocês pensaram no próximo, o sim de vocês deu uma nova chance para os pacientes transplantados”, finalizou.