Olá queridos, sou leitora assídua do jornal A Cidade e nos últimos dias venho acompanhando de perto a polêmica das badaladas do sino da igreja Matriz. Estranhamente, a mídia votuporanguense, de uma forma geral, tem narrado fatos, episódios e opiniões apenas a favor das badaladas. Logo me questionei: será que como o próprio nome diz, “polêmica”, é feita apenas de relatos a favor? Será que apenas três pessoas (ou famílias, conforme os bolentins de ocorrências feitos nos últimos dias) são contra a perturbação de sossego no local? É possível chamar de polêmica uma sociedade inteira contra três? Diante de tal situação, como uma boa moradora da região em questão há muitos anos, resolvi investigar com os vizinhos e ter argumentos para manifestar-me aqui.
Desde o início, deixo claro que ser contra ou a favor das badaladas do relógio não é uma questão de religião. Ser católica ou não, frequentar as missas ou não. Isso tudo eu faço há muitos anos. É lá que me coloco diante de Deus, de minhas fraquezas e peço ajuda do Senhor para abençoar minha família todos os dias de minha vida.
Por isso, digo, é uma questão mesmo de incômodo e perturbação. Estaria mentindo se dissesse que não acho bonito o som das badaladas. Confesso que nos primeiros dias, me lembrei da praça da Sé, em São Paulo. Algo realmente bonito de ser admirado. Contudo, com o passar do tempo, o tal barulho foi tornando-se rotina e começou a atrapalhar quem ali vive todos os dias, de segunda a segunda, com os feriados e domingos de manhã.
Sou dona de casa e tenho um bebê pequeno. Depois das badaladas do sino, meu filho saiu de sua rotina, acorda assustado quase sempre e meu sono já não é mais o mesmo. Assim, compartilham da mesma opinião os meus vizinhos que ali vivem há anos. Apenas não se manifestam, mas a verdade é o que sino mudou a rotina de todo mundo. O soninho do domingo de manhã não é mais o mesmo, quando saímos para alguma festa, sabemos que logo logo seremos acordados, às 7h da manhã. Simplesmente não descansamos mais como antes.
O feriado de Páscoa então, foi prova disso. Tínhamos praticamente quatro dias para descansar. Fui à vigília na igreja, voltei de madrugada e logo cedo perdi o sono com as fortes badaladas. Tentei descansar a tarde, contudo foi em vão. Confesso que fiquei irritada, porque quando se perde o sono, é assim mesmo.
Resolvi escrever então porque algo me chamou a atenção de que as badaladas do sino estão sendo decidido por pessoas influentes na cidade, que nem lá moram, assim como políticos do poder legislativo, executivo e até judiciário. Fiquei pensando: como julgar, analisar e decidir por pessoas que não moram lá, não sabem do problema de perto e tomam decisões pela maioria? Onde estão as pessoas contra as badaladas do sino? Porque estão com medo de se manifestar? Deixarão poucos decidirem por nós para uma vida inteira? Porque esse medo de se manifestar? Estamos sendo puritanos ou pecadores por assumir que isso atrapalha nossa vida cotidiana? Seremos menos religiosos por isso?
Ora, acredito que vivemos em uma democracia, em que a opinião é o direito de todos nesse país. Cuidar de nossa Votuporanga é um dever de todos nós, que vivemos aqui e criamos nossos filhos nessa cidade maravilhosa, por que ter medo de opinar?
Penso que estamos em uma sociedade justa, onde a melhor decisão pode ser tomada por toda a população, em especial aos que vivem e moram há anos no lugar em polêmica. Fico triste mesmo com esse medo das pessoas em manifestarem sua opinião, sei lá, se por vergonha ou medo. Mas a verdade é que, na minha opinião, as badaladas do sino mudou e muito a rotina danossa região.
Por isso, venho nesse conceituado órgão de imprensa da nossa cidade pedir-lhes vossa ajuda. Faça mesmo desse episódio uma polêmica. Mas ouçam os dois lados e tenham a percepção de que algo está errado. Os que se posicionam contra estão sufocados, calados com medo de se manifestar.
Queridos vereadores e padre Gilmar, percebam o nosso ponto de vista, afinal moramos aqui todos os dias. Não queremos estragar nada, nem somos menos católicos por isso. Queremos apenas a paz e o sossego de um domingo de manhã. Ter nossos filhos dormindo sem susto e fora de suas rotinas. Queremos nossa Votuporanga crescendo e evoluindo de uma forma que seus morados sejam felizes e satisfeitos com esse lugar.
Fica aqui o meu relato, minha opinião e que a difícil decisão seja tomada consciente dos fatos, com a ajuda da população. Então, mobilizemo-nos todos para uma Votuporanga ainda melhor!