Fiz um artigo há pouco tempo que terminava assim: “Pode rir, é melhor”. Pois é, meu ilustre leitor, penso que vou começar este com o mesmo pensamento. Pode rir, é melhor, porque tudo que estamos vendo ai deve ser uma imensa cortina de fumaça para acobertar alguma outra “mágica”, maior ainda que a do tal de Cachoeira. Deve ter catarata por traz disso. E, como sempre, alguém é jogado para os leões e fica tudo por isso mesmo. Mas, já esta na hora de não ficar, não. Chega de brincadeira, chega de fazerem o povo de bobo. Pelo menos o articulista pensa assim. Será que os Deuses lá de Brasília pensam, também? Duvido...
Mas, melhor que tudo isso foi a grande lição de vida que tive oportunidade de ver esta semana. Isso mesmo, o amigo Sebastião de Haro, do alto de seus mais de setenta resolveu partir para a luta, de novo. Ao contrario de vestir chinelos “partiu para a briga”, abriu uma nova loja e voltou a ser o velho “Tião”, com umbigo no balcão e atento aos fregueses. Também, o cara começou bem cedo na lida do trabalho, desde a adolescência, aprendeu “bater o metro no chão”, ficar na porta da loja e vender tecidos e roupas. É a sua vida e sua alegria. Só podemos desejar sucesso a alguém que possui este estado de espírito e essa confiança no “taco”.
Desde muito jovem, conheci muitos que foram para a luta da vida muito cedo. Naqueles tempos era importante que os jovens aprendessem alguma profissão e, também, pudessem ajudar no sustento da família. As oportunidades eram minguadas e todos que puderam começar cedo aprenderam lidar com as dificuldades, constituíram famílias e, melhor, não tinham tempo para as perniciosas facilidades de hoje. Por isso encontramos muitos idosos por ai que se orgulham de seu passado e, melhor, alegres, por estarem vivos com mais de setenta, oitenta. A moçada de hoje sempre muito afeita e afoita em relação aos “agitos”, com tudo que tem por ali, precisa tomar cuidado com os atos e a saúde para poderem chegar a velhice “de pé” e, possivelmente, terem a coragem de fazer como Tião.
Um dos grandes problemas, no meu entender, sobre os programas de TV, é que para poderem vender mais anúncios e incentivarem a população, passam a ideia de que ganhar dinheiro é fácil e, que ter automóvel e casa bonita é mais fácil ainda. Basta ver as novelas e determinados programas para se constatar esse fato. O jovem com personalidade ainda em formação, iniciando-se no mercado de trabalho sem nenhuma experiência (por culpa da legislação) percebe a dificuldade de acompanhar o que vê na TV. Os mais afoitos e fracos acabam sucumbindo em alguma ação errada, pois, ninguém lhes ensina que a vida realmente é a soma do que fazemos dia a dia, em tudo, moral e materialmente.
Pior ainda, muitos, menos orientados, ficam assistindo essas enxurradas de “ladroagens” que levam anos para conseguir punir alguém e ficam achando que o caminho é “por ai”. Pronto, caminho feito para partirem para o desvio da vida.
E, como sempre escrevo aqui, se não podemos consertar o pais, que nos escapa das mãos, podemos dar palpites em nossa comunidade. Assim, todos aqueles que pudermos, em algum momento, mesmo sendo considerados “velhões”, devemos conversar com os jovens que se dispuserem nos ouvir. Contar-lhes sobre a vida, fazer-lhes ver que o tempo para quem se dedica ao trabalho é um grande e importante parceiro. Sei lá, de alguma forma devemos ajudar essa mocidade que esta ai, pois, por mais modernos que sejam, precisam saber que certas coisas na vida não alteram valores. Decência é uma delas, coisa que os bandoleiros da política não tem. E, ensina-los, também, que: “ninguém engana a todos por todo o tempo”.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados