Neste mês em que se comemora o Dia das Crianças, deixemos de lado somente o apelo consumista da data para aproveitar o momento e também celebrar a infância, fase da vida que vai determinar como serão os adultos de amanhã. Um dos pontos a destacar é a importância da alimentação saudável para garantir qualidade de vida por muitos anos. Neste sentido, a influência dos pais é fundamental para desenvolver hábitos saudáveis e direcionar a forma como as crianças vão se relacionar com a alimentação.
Qual é o pai ou mãe que não quer ver seu filho sempre forte, saudável e feliz? É um desejo universal. Atuando no meio supermercadista há anos e vivenciando o dia a dia do consumo das famílias, percebemos que os filhos influenciam significativamente nos hábitos de consumo, quando deveria ser o contrário.
A presença de uma criança na família altera o orçamento do domicílio e pode aumentar os gastos em até 35%, de acordo com dados da Kantar. Quando há presença de menores no lar, os pais são mais cuidadosos e oferecem produtos para agradá-los. É neste ponto que o papel dos pais se destaca para definir o que entrará na cesta buscando direcionar as compras para produtos mais saudáveis e nutritivos.
Este é um desafio não só para os pais, mas também para familiares, escola, berçários, creches e demais locais onde a criança circula e recebe refeições. Este esforço coordenado se transforma em cuidado extra para evitar que o Brasil alcance os alarmantes índices americanos, em que crianças e adolescentes obesos entre 6 e 19 anos correspondem a cerca de 16% da população. Nos últimos 20 anos, os casos de obesidade infantil no Brasil mais do que quadruplicaram entre crianças de 5 e 9 anos, chegando a aproximadamente 17% entre os meninos e 12% entre as meninas, segundo apurou a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É uma obrigação de todos estimular hábitos saudáveis e oferecer refeições balanceadas seguindo o equilíbrio proposto pela pirâmide alimentar. Assim sendo, uma criança deve receber porções mais fartas de alimentos energéticos, formados pelos carboidratos; uma variedade do grupo dos reguladores, entre os quais se encaixam as frutas, cereais, legumes e verduras, seguido pelos alimentos construtores, que incluem os laticínios, carnes, ovos e feijões, que contribuem para o crescimento e boa formação dos ossos e são fonte de proteína. Por fim, os doces – açúcares e gorduras, que representam o topo da pirâmide e são importantes quando consumidos em pequena quantidade, porque também fornecem energia para o crescimento e ajudam na formação de hormônios.
Além de balancear estes grupos, é importante incentivar as crianças a praticar atividades físicas. São atitudes que irão prevenir doenças graves, como diabetes, hipertensão, colesterol e baixa autoestima e propiciar mais qualidade de vida. Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças constatou que, nos Estados Unidos, de 40% a 60% das crianças e adolescentes obesos mantêm o excesso de peso na idade adulta.
Para facilitar esta tarefa que em geral é atribuída aos pais, nos últimos anos os supermercados aprimoraram a oferta de produtos alinhada às práticas de alimentação saudável. Por exemplo, nas prateleiras são oferecidas frutas e verduras já embaladas, higienizadas e prontas para o consumo, e as seções de hortifrutis estão mais amplas e completas do que no passado. Em linha com os esforços da indústria, os supermercados aumentaram, também, a variedade de produtos orgânicos e incrementaram as opções de integrais. A maioria das lojas possui seções próprias com destaque às massas e arroz integrais, açúcar mascavo, aveia, linhaça e outros itens que podem ser integrados às refeições, propiciando um alimento com maior teor nutricional.
Os supermercados continuam apoiando iniciativas para contribuir neste processo. Afinal, são nessas lojas que as decisões de compras ocorrem. As políticas públicas dos governos estaduais e Federal também são importantes neste cenário. No mês das Crianças, convidamos os pais a pesquisar sobre o assunto. Uma boa fonte é o guia alimentar com dicas sobre cardápio balanceado, que pode ser consultado no site da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Estimular o consumo de produtos de maneira mais balanceada e comprar de forma consciente são tarefas fundamentais para a busca de melhor qualidade de vida.
*João Galassi, presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS)