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Nesta semana que passou a dramaturgia perdeu um de seus braços. Sai de cenário para sempre José Wilker, sem dúvida, um exemplo de profissional como tantos outros que se foram ou que aqui continuam conosco. Substituto para ele não tem, como não há para ninguém quando parte deste mundo. Seu legado é de tamanho incomensurável. Cremos nós, que a morte não encerra o espetáculo. Não é e nem pode ser o fim de tudo, mais que isso, um começo de outra existência. Na morte o corpo físico vai embora dando lugar a um corpo místico, que chamamos de alma. A criatura humana desaparece, mas alguma coisa o substitui mostrando que tudo não acabou. Alguém deve se apresentar e dizer: Eu sou a alma. No túmulo, nada mais ficou do que minhas vestes. A vida que recebi de Deus continua. O assopro divino é eterno e não momentâneo. Quando Ele me assoprou a vida o foi para sempre. Agora eu respiro outros ares. Não sinto dores. Aspiro ar livre e só vejo luz. Assim somos nós. Quando enclausurados, não duvidemos da luz lá fora e nem da liberdade grandemente sonhada. Nunca nos será permitido duvidar de qualquer hipótese de futuro. O além será sempre uma surpresa, mas, com certeza, das melhores. A alma não tem fronteiras, portanto não fica restrita a apenas um pedaço de chão que os homens apelidaram de Terra. Nosso corpo físico está mais para matéria distorcida do que propriamente um ser humano perfeito. O trabalho de Deus foi criar a alma, essa sim é igual e perfeita em todas as suas criaturas. Se não a possuirmos dentro do corpo estaremos definitivamente mortos. No mundo da coisa física amanhece e anoitece todos os dias, no mundo do corpo místico só existe claridade. Uma célebre frase de Vitor Hugo diz: “A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela”. As almas mudam de endereço e vão curtir outra vida no mundo da luz, para muito além de qualquer tipo de sombra. Com certeza, muito mais perto do ponto de reunião no infinito, onde Deus nos aguarda como filhos. Esse é o lugar onde o Criador encontra a criatura. Muitos consideram um desastre a última viagem, mas nos parece mais uma simples mudança. Não tememos a nossa jornada em direção ao infinito do sempre. Vamos acreditar que fizemos o melhor de nós enquanto aqui estivemos, porque isso é valioso, nos preparando para a grande viagem ao eterno, onde, sem dúvida, o grande artista brasileiro José Wilker acabou de chegar.
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