Lula foi um dos alvos de condução da 24ª fase da Operação Lava Jato.
MPF e PF investigam se ex-presidente recebeu vantagens de empreiteiras
Trecho do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução)
O
depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva foi disponibilizado nesta segunda-feira
(14) no sistema da Justiça Federal. O ex-presidente foi alvo da 24ª fase da
Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção e desvio de dinheiro
na Petrobras.
A 24ª fase da Operação Lava Jato investiga a relação
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e familiares com empreiteiras
envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. O Ministério Público Federal
(MPF) e a Polícia Federal (PF) dizem ter encontrado indícios de que Lula
recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de
doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS
Palestras, que pertence ao ex-presidente.
O MPF diz que o instituto recebeu de empreiteiras,
investigadas na Lava Jato, R$ 20 milhões em doações e que a LILS Palestras
recebeu R$ 10 milhões. Investigadores querem saber se os recursos vieram de
desvios da Petrobras e se foram usados de forma lícita. Parte do dinheiro foi
transferido do Instituto Lula para empresas de filhos do ex-presidente, e o MPF
apura se serviços foram de fato prestados.
Do dia que Lula foi levado para prestar depoimento, a
defesa do ex-presidente pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão de
procedimentos relacionados às investigações relacionadas a ele dentro da
Operação Lava Jato.
Os advogados alegaram que a condução coercitiva do
ex-presidente foi "desnecessária". "O suscitante [Lula] já
prestou um depoimento à Polícia Federal quando notificado a fazê-lo em
inquérito policial que corre em Brasília, deste ano, conforme documento anexo.
Portanto, não há nenhuma base para presumir que, regularmente notificado, não
iria repetir um ato de cuja realização não relutara", diz o pedido de
suspensão.
À época, por meio de nota oficial, o Instituto Lula
afirmou que a ação da Polícia Federal que realizou buscas na casa do
ex-presidente e a condução coercitiva foi "arbitrária, ilegal e
injustificável".
Doações
As doações envolvendo o Instituto Lula foi abordada
logo no início do depoimento. De acordo com o ex-presidente, as doações são sem
contrapartida. Quanto as despesas, Lula diz não saber como funciona.
"Eu não autorizo porque eu não, no instituto hoje
eu sou só presidente de honra e você sabe que se um dia você for presidente de
honra da Polícia Federal aqui você não representa mais nada, ou seja, então o
presidente de honra é um cargo de honra só, eu não participo das reuniões da
diretoria, eu não participo das decisões, porque o instituto tem uma diretoria
própria", afimou o ex-presidente.
Pagamentos para a G4 Entretenimento e Tecnologia
O delegado responsável por colher o depoimentos cita
algumas empresas que tiveram relação com o Instituto Lula ou com a Lils. O presidente
afirma não conhecê-las.
Ainda sobre empresas com contratos com o Instituto
Lula e com a Lils, o delegado menciona a empresa G4 Entretenimento e
Tecnologia, que pertence ao filho do ex-presidente. Segundo as investigações, o
instituto Lula repassou R$ 1 milhão.
De acordo com o ex-presidente, a empresa prestou um
serviço e recebeu por ele corretamente. O contrato, segundo Lula, foi
devidamente declarado à Receita Federal.Lula diz que o trabalho realizado pela
empresa deve ter siso para a criação do Memorial da Democracia e do Políticas
Públicas, que segundo o ex-presidente, são programas digitais para difundir o
que aconteceu no Brasil.
Fonte: G1