Com a situação ainda incerta e a alta do principal índice que reajusta os contratos, a recomendação é negociar neste ano.
Aumento do IGP-M deixa situação do aluguel incerta neste ano (Foto: Reprodução/G1)
O ano de 2021 começou com susto e necessidade de negociar o valor do aluguel para milhões de inquilinos no país. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como principal indicador para o reajuste, fechou 2020 em 23,14%, maior alta desde 2002.
Ou seja, um contrato de aluguel no valor de R$ 2 mil com aniversário neste mês e reajuste pelo IGP-M passaria para R$ 2.462,80. Já o IPCA, índice oficial de inflação medido pelo IBGE, ficou em 4,31% no acumulado de 12 meses até novembro.
Essa diferença entre os dois índices ocorre porque o IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), está sofrendo impacto da disparada do dólar e dos preços das commodities, como a soja e minério de ferro.
No ano passado, com a pandemia, muitos inquilinos conseguiram descontos no preço do aluguel devido à queda na renda e desemprego. Com a situação ainda incerta e a disparada do IGP-M, a recomendação é negociar o reajuste neste ano.
O que pode influenciar nas negociações
Há vários fatores que podem influenciar na decisão do proprietário de conceder um reajuste menor, como o inquilino ser um bom pagador, ter a pretensão de ficar no imóvel por um longo tempo, conservar bem o imóvel, ser um bom morador e respeitar as regras do condomínio.
Além disso, não é bom negócio para o proprietário ficar com o imóvel vazio, tendo que pagar IPTU e condomínio todos os meses.
Segundo Carvalho, quem não está disposto a negociar o novo valor do aluguel pode até acabar perdendo o inquilino, pois a oferta de imóveis vagos está maior do que estava no ano passado.
"A taxa de vacância é diferente em cada bairro, mas estamos sofrendo as consequências econômicas da pandemia, então o momento pede flexibilidade. O proprietário corre o risco de ficar com o imóvel vazio e custear o condomínio se houver desocupação. Então quem não pode perder um inquilino agora e ficar com o imóvel vazio por algum tempo pode conceder reajuste menor", recomenda.
Pandemia influencia no aumento das negociações
De acordo com o vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP, Adriano Sartori, os impactos causados pela pandemia na economia continuam interferindo nas renegociações de contratos.
“Tanto locadores quanto locatários ainda estão se recuperando do período mais crítico e ambos os lados estão buscando encontrar um equilíbrio financeiro para os contratos. O repasse do índice de correção [IGP-M] ocorre pontualmente, variando caso a caso e, em situações excepcionais, quando o aluguel vigente encontra-se muito defasado”, afirma.
O departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP realizou pesquisa com imobiliárias da capital paulista para saber como estão sendo aplicadas as correções em contratos que utilizam o IGP-M.
A pesquisa mostra que, entre dezembro de 2019 e novembro de 2020, o aumento no valor dos aluguéis residenciais na cidade de São Paulo foi de 1,71%, percentual bem abaixo do IGP-M, que registrou 24,52% no mesmo período. Desde dezembro de 2019, os reajustes praticados têm sido bem inferiores ao IGP-M.
*Com informações do G1