Plataformas se impõem como a regra na indústria do entretenimento e investem na máxima ‘quanto mais, melhor’ em seus catálogos
Para além de Game of Thrones, HBO Max vai trazer títulos da Cartoon Network e a transmissão da Uefa Champions League (Imagem: Divulgação)
“É uma guerra”, bradava, em 1983, o jornal The New York Times. A batalha em questão colocava de um lado os estúdios de Hollywood e, do outro, um canal a cabo que se revelava uma ameaça na disputa por espectadores.
Batizado então de Home Box Office, e hoje conhecido por HBO, o canal somava 12 milhões de assinantes nos Estados Unidos, atraía profissionais da área para a produção de filmes exclusivos e era o destino favorito de longas que nos cinemas faziam pouca bilheteria, mas encontravam audiência qualificada na TV.
Ironicamente, em um futuro não muito distante, parte da fórmula que fez da HBO o pesadelo dos poderosos da indústria seria usada para destroná-la pela Netflix, a empresa que abruptamente revolucionou o setor ao impor o streaming como regra.
A guerra mudou e a HBO não fugiu da batalha: hoje, desembarca no Brasil a plataforma HBO Max, um ano após seu lançamento nos Estados Unidos balançar um setor hoje hiperconcorrido. Chega assim ao streaming a casa de séries que de fato merecem o desgastado adjetivo “icônico”, de Família Soprano e Sex and the City às recentes Game of Thrones e Succession. Seus títulos ousados, amparados por orçamentos exorbitantes e uma dose extra de sexo e violência, atraíram o público adulto de alto poder aquisitivo.
Parecia natural que a emissora espelhasse sua fórmula de nicho no streaming. Mas os humores do mercado ditaram outro caminho. Pesquisa da empresa de dados Statista mostra que a principal razão que leva os americanos a assinarem mais de uma plataforma é a variedade de títulos.
A lógica vem fomentando uma busca por parcerias e fusões. É a máxima “quanto mais, melhor”. Assim, a HBO Max promete dez mil horas de conteúdo: para além de Game of Thrones e programas originais, fazem parte do pacote títulos infantis da Cartoon Network e a transmissão dos jogos da Uefa Champions League.
Outro reforço são os filmes da Warner Bros., como a saga Harry Potter e os heróis da DC. O novo modelo de negócio ainda vai encurtar para 35 dias a janela entre a estreia dos longas do estúdio nos cinemas e sua chegada à plataforma.
O serviço chega aqui a preços mensais a partir de R$19,90 e o potencial de crescimento é amplo. Hoje, o HBO Go, serviço que abriga as produções do canal e que vai migrar para a versão Max, é o quinto streaming mais acessado por pagantes no país - atrás de Netflix, Amazon Prime Video, YouTube Premium e Disney+.
No mundo, o setor do vídeo sob demanda bateu, no ano passado, 1 bilhão de assinantes e estima-se que vá alcançar, em 2025, a receita anual de 100 bilhões de dólares.
*Com informações da Veja