Ortopedistas estão sem atender a população por falta de pagamento. Santa Casa de Fernandópolis culpa a falta de verbas para atendimento.
A Santa Casa de Fernandópolis (SP) desmarcou apenas nesta semana cerca de 80 consultas por falta de especialistas. Isso tem causado transtorno aos pacientes e, além disso, os ortopedistas do hospital pararam de trabalhar porque estão há três meses sem receber o salário.
Uma das prejudicadas com a paralisação dos ortopedistas é a aposentada Amélia Alves de Moraes, de 84 anos. Ela costuma ser ativa, mas desde que fraturou o osso da perna e teve de passar por uma cirurgia está de cama. Já era para ela estar andando, mas o retorno ao médico para a última avaliação e a retirada dos pontos foi adiado por falta de ortopedista na Santa Casa, onde ela começou o tratamento. O filho dela, o aposentado Osvaldo Martimiano, diz que entrou em contato com o hospital no dia do retorno, mas foi informado que não havia médico. "Contribuo com a Santa Casa, até compro rifas para ajudar e quando preciso não recebo ajuda", lamenta.
A assessoria de imprensa da Santa Casa confirma que dos cinco ortopedistas que trabalham no local, apenas um atende aos casos de urgência e emergência, aqueles em que o paciente corre risco de morte. Segundo um representante dos ortopedistas, cada médico tem pelo menos R$ 10 mil para receber do hospital.
A direção da Santa Casa diz ainda que o atraso nos pagamentos é reflexo da redução de verbas do governo do Estado, que chega a R$ 600 mil, mas a direção do Departamento Regional de Saúde disse que o pagamento dos salários dos médicos não é de responsabilidade do Estado e que a Santa Casa foi beneficiada com mais de R$ 3 milhões em dois programas estaduais: Pró Santas Casas e SOS Santa Casa.
Outro setor
Outras especialidades médicas também têm deixado pacientes sem atendimento. Há um mês, o funcionário público Admilson Almeida, por exemplo, só descobriu que tinha um acidente vascular cerebral (AVC) depois de ir para São José do Rio Preto (SP) fazer um exame. Ele conta que chegou a esperar cinco dias por atendimento com um neurologista na Santa Casa e não conseguiu. Por isso, decidiu fazer uma tomografia por conta própria e ir para o Hospital de Base de Rio Preto. "Ainda bem que deu tempo de começar o tratamento porque me mandaram para casa com um AVC."
Sobre este caso, a direção da Santa Casa de Fernandópolis disse, por meio de nota, que tem apenas um neurologista, que só é chamado em caso de emergência, e que está tentando contratar mais médicos nessa área.