O pai conseguiu desenroscar o ralo e puxou a menina, já desacordada, para fora da água. Ainda conforme Juliana, um fator que ajudou a filha é que ela é acostumada a nadar. "Ela sabe prender a respiração, não engoliu água. Ela prendeu a respiração até perder a consciência, mas quando a gente a tirou para fora, em poucos segundos, ela voltou. Eu dei os primeiros atendimentos."
Apesar de ser técnica de enfermagem, Juliana diz que ficou muito preocupada. "A gente fica impotente diante de uma situação dessas. Quando você vê a criança presa lá no fundo, a gente fica totalmente impotente. Se eu estivesse sozinha, nem sei. A gente sabe o que fazer até ser o nosso filho, porque na hora do fato a gente apavora, também fica perdida."
A mãe diz que a filha está bem, apesar de traumatizada. "Muito assustada, ela começou a chorar e a conversar comigo. A partir daí, eu mesma a levei ao hospital porque seria mais rápido. Ela fez o exame de Raio-X e está tudo bem. Com certeza, foi um milagre."
"Sem perigo"
Juliana conta que quando comprou a piscina de 16 mil litros de fibra, há 15 meses, perguntou várias vezes sobre o sistema de funcionamento do ralo. "Quando fui comprar a primeira coisa que perguntei foi: 'como funciona o sistema de ralo? Tem perigo?' E o vendedor me disse que não tinha risco porque havia proteção e que acidentes com cabelos presos em ralo só aconteceriam em clubes, que em casa e com piscinas novas não teria problemas."
Por isso, a técnica de enfermagem diz que não se preocupava com este fator. "Minha filha é acostumada e sabe nadar. A gente nem ficava por perto na piscina, ela e a irmã sempre brincam sozinhas na piscina porque sabem nadar. Foi por acaso de estarmos ali, porque não costumamos ficar junto, isso não é comum. De repente, a gente viu que a vazão de água da cascata diminuiu e o motor parou de funcionar. Vimos que alguma coisa estava diferente, que o motor estava fraco. Quando olhei já pensei: 'cadê minha outra menina?' Ao olhar para a piscina vi aquela mancha no fundo."
Juliana diz que nunca tinha visto um caso destes em que a criança sobrevivesse sem sequelas. "Entrei em estado de choque, precisei tomar remédio para dormir, isso não sai da minha cabeça. Ela estar bem é meu presente de Natal."