Nilton César Alves é produtor rural e mora num sítio, em São José do Rio Preto (SP), e sabe que com o Aedes aegypti não pode descuidar. “Dá um vendaval já joga tudo fora do lugar, é balde que vira e não dá tempo. Então a gente faz algumas prevenções, na caixa das vacas beberem, fica água limpinha eu coloco peixes, uso tilápias e elas comem as larvas”, afirma.
O produtor nunca teve dengue, mas os vizinhos já e ele morre de medo. Apesar de estar perto da cidade, ele diz que há seis anos não recebe a visita dos agentes de saúde. “Se o criador está na zona rural ou na área urbana o problema é igual, agora que zona rural é um descaso total das autoridades públicas, é um descaso total. Não temos orientação de nada, estamos largados”, afirma Nilton.
Rio Preto está em estado de emergência, só no ano passado foram 22 mil casos confirmados de dengue e 11 morreram. A prefeitura admite que não faz nenhum trabalho específico na zona rural, região que vivem quase 25 mil pessoas, segundo o IBGE.
Por isso mesmo, Guapiaçu (SP), que fica a 20 quilômetros de Rio Preto, intensificou os trabalhos na zona rural. De acordo com um levantamento da Vigilância Ambiental, foram encontradas larvas do mosquito Aedes aegypti em 50% das propriedades rurais visitadas.
Em um sítio os agentes encontraram várias vasilhas espalhadas e muitos potes que podem se tornar criadouros do mosquito. Até a lona pra cobrir a ração oferece risco. Em outro sítio mais vasilhas com água parada. Oito pessoas da mesma família já tiveram dengue esse ano e pelo visto ninguém aprendeu a lição e olha que os agentes já tiveram no local.
Nos seringais a preocupação é com os copos que recebem o látex. O problema é que em muitas propriedades eles ficam jogados no chão e acumulam água. Os agentes encontraram vários copos com larvas do mosquito. “Esses que estão no chão ficando pra boca pra cima, chovendo ele acumula água e o mosquito logo está nascendo nesses copos que ficam no chão”, afirma o coordenador da vigilância epidemiológica de Guapiaçu, João Carlos da Silva.
A pesquisadora da Faculdade de Medicina de Rio Preto Marluci Monteiro diz que é importante fiscalizar também as áreas rurais. “A autonomia de voo próximo do nascimento de 50 a 100 metros, mas ele pode atingir um raio de um quilômetro ou até mais porque ele vai em busca de alimento”, afirma.
Fonte: G1 Rio Preto e Araçatuba