O empresário e ex-deputado federal Vadão Gomes possui uma empresa offshore aberta no Panamá
O empresário e ex-deputado federal Vadão Gomes possui uma empresa offshore aberta no Panamá pela Mossack Fonseca, firma especializada em abrir empresas em paraísos fiscais. A informação foi revelada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), que reúne profissionais de mais de 100 veículos de mídia no mundo, inclusive no Brasil.
Durante um ano, o ICIJ analisou e filtrou um acervo de 11,5 milhões de documentos da Mossack referente aos últimos 40 anos. A íntegra desses documentos dever divulgada em maio. A offshore de Vadão, segundo o ICIJ, é denominada South America Beef Company S.A. e foi aberta em 2011, um ano após Vadão deixar a política ao não conseguir a reeleição para deputado federal.
Ao descobrir a ligação de Vadão com a política (ele foi deputado por quatro mandatos), ainda conforme o ICIJ, a Mossack Fonseca suspendeu a criação da offshore até que ele prestasse as informações sobre seu mandato e sobre as denúncias de envolvimento com o mensalão. Ele foi absolvido das acusações e a offshore criada posteriormente. Vadão confirmou a abertura da empresa.
“Criei a firma para facilitar a exportação de carne para o meu frigorífico, já que vendo para 164 países há 25 anos”, diz. Segundo ele, a firma nunca teve atividade. “Neste ano vamos ativá-la, com certeza”. Ele afirma que a offshore está declarada à Receita Federal e ao Banco Central. Pela legislação brasileira, qualquer cidadão pode ter empresa em paraíso fiscal, desde que declare a esses dois órgãos.
O empresário Walter Faria, de Fernandópolis, dono da Cervejaria Itaipava e considerado um dos homens mais ricos do País, também teve empresa aberta pela Mossack Fonseca em paraíso fiscal, de acordo com o ICIJ. Nesse caso, porém, a entidade não revelou mais detalhes da offshore. Planilhas apreendidas pela Operação Lava Jato na casa de um executivo da Odebrecht indicam que a empreiteira pode ter usado distribuidoras de cerveja ligadas a Faria para mascarar doações eleitorais a políticos.
Essas contribuições podem ter superado a cifra de R$ 30 milhões. Nenhum representante da cervejaria foi localizado para comentar o caso. A Mossack Fonseca já era investigada pela Polícia Federal na Lava Jato, suspeita de ocultar a identidade dos verdadeiros donos de um apartamento tríplex em Guarujá (SP). Agora, o ICIJ revelou que a Mossack criou ou gerenciou pelo menos 107 offshores para pelo menos 57 indivíduos relacionados ao esquema de corrupção na Petrobrás. Entre eles estão o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).