Da Redação
Com o tempo seco e a temperatura variando entre baixa e amena no Estado de São Paulo, o período do inverno contribui para aumentar os problemas ligados ao sistema respiratório. Alergia, resfriado, asma e gripe são apenas algumas das doenças que se intensificam neste período do ano. Por isso, os cuidados com a saúde devem ser redobrados.
Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde aponta que em 2008 houve, no
período de maio a agosto, 60% mais internações por doenças respiratórias nos
hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) paulista do que nos quatro meses
anteriores (janeiro a abril). No ano passado, o crescimento foi de 45%. Pneumonia e doenças crônicas das vias aéreas inferiores são os problemas que aparecem com mais freqüência.
A Secretaria está alertando sobre os cuidados necessários para que a população evite se expor aos riscos das doenças tão comuns nesta época. Para diminuir os problemas causados pelo frio e pelo tempo seco, é fundamental manter a higiene doméstica, evitar o acúmulo de poeira e banhos com água muito quente. Ingerir líquidos quentes ao longo do dia, como chás, café e chocolate quente, ajuda a manter o corpo aquecido, mas deve-se evitar o exagero no consumo desses produtos.
As variações de temperatura são outro fator que merecem atenção: em casa, no
trabalho e em outros locais fechados costuma-se sentir calor, porém, ao sair destes
ambientes, a brusca queda de temperatura pode facilitar a ocorrência de doenças. Por isso agasalhar-se é fundamental.
Fazer inalação também ajuda o sistema respiratório a remover a “sujeira” acumulada em dias frios e secos. Recomenda-se, ainda, o uso de soro fisiológico para manter a lubrificação dos olhos.
Gripe
A gripe é uma doença respiratória aguda causada pelo vírus influenza e tem como
principais sintomas febre (em geral acima de 37 graus), congestão nasal, tosse, dor de garganta, dores musculares, dores nas articulações e coriza. Os sintomas costumam se manifestar entre dois e três dias após o contágio e duram, em média, uma semana.
A gripe é uma infecção autolimitada, ou seja, que resulta em cura completa devido à reação do próprio organismo ao vírus. Por isso, na maioria das vezes, a pessoa se recupera rapidamente, mesmo sem medicamentos. No entanto, há casos em que a gripe manifesta-se de forma mais grave, exigindo inclusive internação hospitalar.
Febre alta permanente e dificuldade para respirar são sintomas que podem indicar o agravamento do quadro do paciente, principalmente se isso ocorrer nos grupos
considerados de maior risco para influenza – como pessoas menores de 2 anos e
maiores de 60 anos, gestantes, portadores de doenças crônicas (no coração, pulmão, fígado, rins, sangue e outros órgãos), diabéticos, hipertensos, transplantados, pessoas com baixa imunidade ou em tratamento de aids e câncer.
Resfriado e rinite
Mais leve e menos demorado, o resfriado frequentemente é confundido com gripe.
Embora parecidos, os sintomas do resfriado são mais brandos e duram menos tempo, entre dois e quatro dias. Em geral, as pessoas apresentam tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo e dor de garganta leve. No resfriado, a febre é menos comum e, quando aparece, é baixa (até 37 graus).
O resfriado também é uma infecção viral e pode ser causa por diversos tipos de vírus.
Os mais comuns são o rinovírus, os vírus parainfluenza e o Vírus Sincicial Respiratório – este último, geralmente, acomete mais as crianças. As mesmas medidas preventivas usadas para gripe, como os hábitos de higiene (leia abaixo), também devem ser adotadas para prevenir resfriados.
Outra doença que também tem sintomas parecidos e que pode ser confundida com a gripe é a rinite alérgica. Os principais sintomas são espirros, coriza, congestão nasal e irritação na garganta. A rinite alérgica não é uma doença transmissível e sim crônica, provocada pelo contato com agentes alérgenos (substâncias que causam alergia), como poeira, pêlos de animais, poluição, mofo e alguns alimentos.
Higiene
Adotar hábitos simples de higiene – como lavar as mãos frequentemente, não
compartilhar objetos pessoais se estiver com sintomas de gripe e cobrir boca e nariz com lenço descartável ao tossir e espirar – é um modo eficaz de prevenir gripes e resfriados. Usar água e sabão para lavar as mãos e limpar os ambientes é uma forma barata e eficaz de prevenção e deve ser adotada por toda a população. Lugares úmidos e frios favorecem a multiplicação do vírus. Por isso, manter os ambientes ventilados e iluminados com luz solar também ajuda na prevenção.
Crianças e idosos
Os cuidados de higiene devem ser redobrados com crianças e idosos. Para os
pequenos, principalmente no ambiente escolar, recomenda-se que, além de incentivar a lavagem das mãos, os brinquedos e objetos de uso comum sejam lavados com água e sabão ou higienizados com álcool gel a 70%. Nas creches, também é importante evitar que as crianças durmam muito próximas. A distância ideal entre elas é de um metro. Já para os idosos, o perigo está nas complicações advindas com a gripe como a pneumonia e agravamento de doenças crônicas como hipertensão e diabetes.
Tratamento
Ao surgirem sintomas de gripe, resfriado ou rinite, as pessoas devem procur o serviço de saúde mais próximo e não tomem medicamentos por conta própria, como os antigripais. A automedicação pode mascarar sintomas, contribuir para o agravamento da doença e dificultar o diagnóstico, que deve ser feito por um médico.
Ao tomar medicamentos por conta própria, alguns sintomas podem desaparecer
temporariamente, mas isso não quer dizer que o doente esteja curado. Além disso,
esses medicamentos tratam apenas os sintomas e não são eficazes no combate do
vírus. É importante lembrar que uma boa alimentação, repouso e, principalmente,
beber muito líquido são medidas fundamentais para uma boa recuperação.
Gripe H1N1
No caso da gripe H1N1, cujos sintomas são os mesmos de uma gripe comum, o
tratamento específico com o antiviral fosfato de oseltamivir está indicado apenas para pacientes graves ou com fatores de risco para agravamento da doença. O
medicamento não está indicado para tratar pacientes com sintomas leves de gripe e só pode ser vendido com retenção de receita médica.
A prescrição deve ser feita por um médico, a partir da avaliação do quadro clínico do doente. São considerados casos graves os pacientes que têm febre, tosse e dificuldade para respirar; e os principais fatores de risco são gravidez e doenças crônicas.