*Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal
O Ministério do governo Dilma Rousseff neste segundo mandato traz alguns nomes credenciados para empreender a retomada do crescimento nacional superando a estagnação em pontos estratégicos. Embora sem unanimidade, o que é normal em vista de alguns indicados sem experiência administrativa e gestão pública, a escolha é positiva especialmente por haver priorizado em Ministérios-chave a competência técnica em vez de apenas a indicação política, o que levou a presidente a enfrentar resistência em seu próprio partido.
O país vai enfrentar um período em que serão necessárias políticas voltadas para o reencontro com o crescimento e terá de adotar medidas inteligentes e concretas para o desenvolvimento econômico unindo as forças produtivas em torno de projetos amplos de interesse nacional. Terá o governo de contar com Ministérios dirigidos com nova visão e nisso valem muito indicações em áreas de grande importância, cujos titulares infundem esperança dada a capacidade profissional, o conhecimento e a experiência, inclusive internacional.
Pelo menos meia dúzia de nomes terão peso e responsabilidade na administração do país por serem suas áreas o suporte exponencial para os grandes projetos que se espera neste novo mandato. Dois integrantes foram acertadamente mantidos, Alexandre Tombini no Banco Central, comandando a política monetária com foco no combate à inflação e manutenção do poder de compra da moeda. Funcionário de carreira do BC é PhD em Economia e já atuou no FMI. Além de competente, é extremamente discreto. Outro reconduzido é Afif Domingos, ministro da Micro e Pequena Empresa. Conhecido e respeitado defensor desse segmento que mais emprega, é administrador de empresas e empresário, conhece profundamente o setor, sendo um dos mentores do Estatuto da Pequena e Média Empresa e do Simples, regime tributário diferenciado para as pequenas e micro empresas.
Entre os novos ministros, Nelson Barbosa (Planejamento e Gestão), economista, professor, funcionário de carreira do Ministério da Fazenda com destacada atuação no Planejamento e passagens pelo Banco Central e BNDES. No Ministério da Fazenda, Joaquim Levy, economista com mestrado e doutorado em economia, atuou por sete anos no Fundo Monetário Internacional, foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento e trabalhou no Banco Central Europeu, o que lhe garante importante e útil experiência internacional. Armando Monteiro (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) é u m dos mais experientes empresários do ramo industrial, presidiu a Federação das Indústrias de Pernambuco e por oito anos foi presidente da Confederação Nacional da Indústria; como parlamentar, possui também visão política do setor.
E por fim Kátia Abreu, que assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é credenciada pela experiência pessoal prática no setor, pois em 1987, em decorrência da morte de seu marido, assumiu as atividades na agricultura, pecuária e agronegócio da família obtendo grande sucesso e tornando-se uma liderança no setor, sendo eleita para presidir sindicatos de produtores rurais e chegou à presidência da poderosa Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Por sua visão moderna de desenvolvimento sem radicalismos ou propostas populistas, enfrentou algumas divergências com o MST, ambientalistas e indígenas.
O agronegócio, apesar dos entraves, é o grande motor das exportações e geração de divisas. Todavia, merece visão mais adequada, estímulo aos grandes produtores inclusive em infraestrutura e logística, sem deixar de lado a agricultura familiar. Ao governo cabe o compromisso firme com a redução de gastos e adequado controle das contas públicas, além do estabelecimento e cumprimento de metas, até para gerar clima de confiança no setor produtivo. Somente assim o governo poderá seguir cumprindo as necessárias e importantes metas sociais estabelecidas, o que se torna impossível com um país economicamente empobrecido. Discurso social e proposta de redução das desigualdades somente têm efeito com a economia em desenvolvimento e empresas fortes que geram emprego e renda.
É importante observar que o adequado perfil dos integrantes da equipe econômica, suas propostas, programa e metas para concretização dependem de Ministros fortalecidos e apoiados, com condições e liberdade de atuação sem interferência política. Se assim for, será possível um período de recuperação econômica e desenvolvimento do setor produtivo.