* Benjamin Yung é especialista no segmento de reestruturação financeira e fundador da consultoria Estratégias Empresariais – ee@estrategiasee.com.br
Embora as primeiras projeções econômicas para 2015 tragam ao empresariado brasileiro um certo pessimismo, algumas medidas, ao serem tomadas logo neste início de ano, devem fazer diferença e levar um fôlego maior na condução dos negócios de milhões de empresários do país, principalmente aos donos de empresas de pequeno e médio portes, representantes da maciça parcela do empreendedorismo nacional.
Uma das ações fundamentais está ligada à manutenção e ampliação das áreas de geração de receita. É claro que a busca por mais clientes deve ser preocupação permanente, seja qual for o segmento de atuação. Ainda que a inflação crescente desmotive o consumidor, o desânimo jamais deve se abater também sobre a equipe de vendas.
Cabe à administração da empresa manter a força de vendas motivada para trabalhar com objetivos mais desafiadores, visando ao alcance de melhores resultados. Independentemente do segmento econômico, companhias que saibam aproveitar a ocasião e ampliem tais esforços conseguem transformar a dificuldade da “falta de consumidor” em aprendizado e oportunidade de crescimento empresarial.
Outra ação primordial a ser tomada desde os primeiros dias do ano é a implementação de uma previsão de fluxo de caixa de, pelo menos, seis meses. Esse cuidado vai auxiliar o empresário na tomada de decisões corretas acerca dos custos e despesas atuais, especialmente diante do atual período de instabilidade econômica.
Também é preciso empenho para cuidar da gestão de custos. A empresa deve rever por completo todas as suas despesas, além de criar e executar uma estratégia de cortes significativos, sem afetar nem alterar a qualidade do produto ou serviço final entregue ao cliente. Para isso, há alguns mecanismos como a venda de ativos (desmobilização), a mudança de planta (em casos onde há ociosidade), o enxugamento do quadro de funcionários e a venda de unidades ou linhas de produto (desinvestimento).
No Brasil, a maioria das empresas têm um verdadeiro arsenal de ativos imobiliários. Embora haja menos liquidez nesse mercado, particularmente nos últimos meses, existe ainda a possibilidade de vender tais ativos através de operações estruturadas, como venda com posterior locação (sale leaseback).
O empresário deve ainda levar em consideração a contratação de um consultor especializado em reestruturação, caso encontre dificuldades em equilibrar as contas da empresa. Esse tipo de profissional pode auxiliar na elaboração do plano de negócios e das projeções financeiras, assim como na intermediação e negociação com credores. Pode, ainda, auxiliar na obtenção de novas linhas de crédito, já que possui extenso relacionamento e acesso direto às mais diversas instituições financeiras.
Tomadas desde o início do ano, essas medidas farão grande diferença na difícil tarefa de organização financeira do empreendedor. E ainda que as projeções econômicas deste ano se confirmem negativas, tais ações garantirão que o empreendimento sobreviva ao período e prospere.