Sou apaixonado por escrever, consequentemente, a leitura é uma das atividades do meu dia a dia. Quando leio aprendo e me encanto com o que leio, mas gosto de ler aquilo que me emociona, que me engrandece e faz de mim uma criatura feliz.
Quando escrevo me transformo, saio de dentro de mim procurando buscar nos leitores a mesma emoção que sinto quando escrevo. Já escrevi mais de 300 crônicas, algumas de boa qualidade, outras nem tanto. Noventa por cento delas foram aqui publicadas. Sou muito feliz pelo espaço que o jornal me tem dado. Mas, ainda hoje, li um texto que me deixou alucinado pelo enredo envolvente, real e verdadeiro. Faço questão de transcrevê-lo para que você possa desfrutar desse fascinante momento de leitura. Procurei o autor, mas não consegui encontrar por tratar-se de uma pessoa de outra nacionalidade. O texto tem o nome de “A caneta de Deus”. “A mãe deu um pulo assim que viu o cirurgião sair da sala de operações. Perguntou: - Como é que está meu filho? Ele vai ficar bom? Quando é que eu posso vê-lo? O cirurgião respondeu: - Sinto muito. Fizemos tudo, mas o seu filho não resistiu. Sally perguntou: - Por que razão é que as crianças pequenas têm câncer? Será que Deus não se preocupa? - Onde estava Tu, Deus, quando o meu filho necessitava? O cirurgião perguntou: - Quer algum tempo com o seu filho? Uma das enfermeiras irá trazê-lo dentro de alguns minutos e depois será transportado para uma Universidade. Sally pediu à enfermeira para ficar com ela enquanto se despedia do seu filho. - Quer um cachinho dele? Perguntou a enfermeira. Sally abanou a cabeça afirmativamente. A enfermeira cortou o cabelo e colocou-o num saco plástico, entregando-o a Sally. Foi ideia do Jimmy doar o seu corpo à Universidade porque assim talvez pudesse ajudar outra pessoa, disse Sally. No início eu disse que não, mas o Jimmy respondeu: - Mãe, eu não vou necessitar do meu corpo depois de morrer. Talvez possa ajudar outro menino a ficar mais um dia com a sua mãe. Ela continuou: - O meu Jimmy tinha um coração de ouro. Estava sempre pensando nos outros. Sempre disposto a ajudar, se pudesse. Depois de ter passado parte dos últimos seis meses, Sally saiu do “Hospital Children’s Mercy” pela última vez. Colocou o saco com as coisas do seu filho no banco do carro ao lado dela. A viagem para casa foi muito difícil. Foi ainda mais difícil entrar na casa vazia. Levou o saco com as coisas de Jimmy, incluindo o cabelo, para o quarto do seu filho. Começou a colocar os carros e as outras coisas no quarto exatamente nos locais onde ele sempre os teve. Deitou-se na cama, agarrou a almofada e chorou até que adormeceu. Era quase meia-noite quando acordou e ao lado dela estava uma carta. A carta dizia: - Querida mãe, sei que vai ter muitas saudades minhas, mas não pense que vou esquecer de você, ou que vou deixar de te amar só porque não estou por perto pra dizer: “TE AMO”. Eu vou sempre te amar cada vez mais, mãe, a cada dia que passe. Um dia vamos estar juntos de novo. Mas até chegar esse dia, se quiser adotar um menino para não ficar tão sozinha, por mim está bem. Ele pode ficar com o meu quarto e as minhas coisas para brincar. Mas se preferir uma menina, ela talvez não vá gostar das mesmas coisas que nós, garotos, gostamos. Vai ter que comprar bonecas e outras coisas que as meninas gostam, você sabe. Não fique triste pensando em mim. Este lugar é mesmo fantástico! Os avós vieram me receber assim que eu cheguei para me mostrar tudo, mas vai demorar muito tempo para eu ver tudo. Os anjos são mesmo lindos! Adoro vê-los a voar! E sabe de uma coisa? ... Jesus não parece nada como se vê nas fotos, embora quando O vi eu O reconheci de pronto. Ele levou-me a visitar Deus! E sabe de uma coisa? Sentei-me no colo d’Ele e falei com Ele, como se eu fosse uma pessoa importante. Foi quando lhe disse que queria escrever uma carta, para te dizer adeus e tudo mais. Mas eu já sabia que não era permitido. Mas sabe de uma coisa mãe?... Deus entregou-me um papel e a sua caneta pessoal para eu poder te escrever esta carta. Acho que Gabriel é o anjo que te vai entregar a carta. Deus disse para eu responder a uma das perguntas que você Lhe fez, “Aonde estava Ele quando eu mais precisava? ... Deus disse que estava no mesmo lugar, tal e qual, quando o filho Dele, Jesus, foi crucificado. Ele estava presente, tal e qual como está como todos os filhos Dele. Mãe, só você é que consegue ver o que eu escrevi, mais ninguém. As outras pessoas veem este papel em branco. É mesmo maravilhoso, não é? Eu tenho que dar a caneta de volta a Deus para Ele poder continuar a escrever no seu Livro da Vida. Esta noite vou jantar na mesma mesa com Jesus. Tenho a certeza que a comida vai ser boa. Ah, estava quase esquecendo: já não tenho dores, o câncer já foi embora. Ainda bem, porque já não podia mais e Deus também não podia ver-me assim. Foi quando ele enviou o Anjo da Misericórdia para vir me buscar. O anjo disse que eu era uma encomenda especial! O que acha disso? ... Assinado com Amor de Deus, Jesus e de Mim.