A crise da Venezuela tem raízes brasileiras. Quando o Foro de São Paulo fez 15 anos, em 2005, Lula, então na presidência da República, gabou-se de estar na origem do advento de Hugo Chavez.
E estava. Ali o conheceu, no início das reuniões do Foro e engajou-se no processo político que o levou à presidência em 1998, com reeleições em 2000 e 2006. Só a deixou morto. Nicolas Maduro, seu sucessor, foi – e continua sendo - apoiado por Lula, Dilma e PT.
Hoje, esse apoio, é apenas simbólico, já que o PT está fora do poder. Mas, quando estava, foi bem mais amplo - ideológico, logístico e financeiro. Dinheiro público brasileiro bancou o projeto bolivariano chavista, um socialismo cucaracha, que serviria de substrato doutrinário à Pátria Grande, a união socialista do continente.
O BNDES financiou obras de infraestrutura e bancou campanhas eleitorais (e não só lá, mas nos demais países ideologicamente alinhados), com dinheiro roubado da Petrobras, intermediado por propinas veiculadas, entre outras, pela Odebrecht.
Quando a caixa preta do BNDES for, enfim, aberta, mais detalhes virão à tona. Presentemente, o TCU examina contratos irregulares daquele banco, para obras de infraestrutura a países bolivarianos, que montam a mais de R$ 1 trilhão.
Até os serviços de marketing político, que por aqui vendiam ilusões populistas, foram cedidos aos aliados. A Venezuela era uma espécie de laboratório do que se preparava para o Brasil, num segundo estágio do projeto petista, interrompido pelo impeachment.
As urnas eleitorais, aqui utilizadas, cuja vulnerabilidade a manipulações os especialistas atestam – e que põem sob suspeita a reeleição de Dilma -, vieram da Venezuela. Foram rejeitadas em países como os Estados Unidos e Alemanha, mas por aqui foram – e continuam sendo – elogiadas pela Justiça Eleitoral.
Não se pode imaginar a longevidade do regime chavista, de que Maduro é mero continuador, sem o apoio logístico e financeiro do governo brasileiro, nos treze anos de reinado petista.
A tragédia venezuelana, um país produtor de petróleo, integrante da Opep, hoje reduzido à ruína econômica e à devastação social, sinaliza o que aqui ocorreria, na continuidade do projeto petista, que os correligionários de Lula almejam retomar com o delírio de sua candidatura. Não é um projeto político.
Por aqui, está sendo desvendado pela Lava Jato e mereceu do Ministério Público e de um ministro do STF, Celso de Mello, o epíteto de projeto criminoso de poder, que se apossou do Estado.
A reação débil do governo Temer ao novo golpe de Maduro, com a supressão dos poderes do Congresso pela Corte Suprema e a cassação por 15 anos do mandato do principal líder oposicionista, o governador Henrique Capriles, entre outras truculências, mostra a escassa autoridade moral que tem para expressar a liderança do Brasil no continente. Afinal, foi parceiro conivente ao longo de todo esse processo.