W. A. Cuin
“O homem de bem, que compreende a caridade segundo Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que ele lhe estenda as mãos.” (Questão 888-a, de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec).
Na vida sempre estaremos numa posição intermediária, isto é, sendo guiados pelos superiores, que nos apontam caminhos de segurança e tendo a obrigação de ajudar os inferiores, que necessitam da nossa cooperação.
Observando os exemplos dos que seguem a dianteira e servindo de exemplo aos que caminham à retaguarda, vamos construindo a nossa evolução, na direção da paz e da felicidade que tanto ansiamos e que ainda não logramos encontrar.
As mãos estendidas daqueles que seguem pela vida em condições de dor e sofrimento caracterizam-se como campo vasto de trabalho a ser enfrentado, pois que onde existem angústias e aflições surge a imperiosa necessidade do socorro urgente.
Inúmeras criaturas existem vivendo dramas e tragédias íntimas, no silêncio, sem coragem para expor seus quadros tormentosos, a estes é que devemos procurar para apresentar-lhe, de muito boa vontade, a nossa sensibilidade e compreensão, em forma de socorro, que possa aliviar-lhes os padecimentos, mesmo que seja um pouco.
Muitas famílias vivem sem o mínimo necessário para uma vida digna; o celeiro vazio, o fogão apagado, a doença presente, o agasalho escasso. O verdadeiro homem de bem, que compreende Jesus, não esperará pelo grito de socorro, antecipa providências em favor delas.
Uma gama enorme de crianças e adolescentes seguem pelas estradas da indiferença e do descaso, colhendo por esses caminhos a pior exemplificação moral possível. Ampará-los com urgência é tarefa inadiável daqueles que entenderam o valor da fraternidade.
Idosos solitários, despojados do afeto familiar, muitas vezes apresentam quadros de penúria a enegrecer nosso meio social. Criar mecanismos capazes de diminuir-lhes os padecimentos e de fazer surgir momentos de esperanças é, incontestavelmente, obrigação de quem já tem plena consciência do “amai-vos uns aos outros”, que o Mestre sabiamente nos informou.
Jovens sem rumo e sem perspectivas de vida trafegam pelas vielas sombrias das viciações tóxicas, vivendo um presente nefasto e destruidor. Despertá-los e motiva-los para uma vida digna e promissora, deve ser a proposta daqueles que sabem que a mais meritória das virtudes é aquela de ajudar, de forma totalmente desinteressada, quem passa pelos dias sem carregar uma meta a alcançar.
Vivendo em um mundo onde o mal, reconhecidamente, ainda é maior que o bem, não podemos esperar que os necessitados de toda ordem gritem por socorro. Devemos, sempre que possível antecipar as nossas ações solidárias e fraternas, procurando com criatividade, utilizar todos os talentos que possuímos para plantar a felicidade nos corações alheios.
Para tanto, podemos utilizar a inteligência, o tempo, o discernimento, a boa vontade, a iniciativa, os recursos materiais, financeiros e muito mais, pois que o verdadeiro homem caridoso é aquele que sabe identificar onde se encontra os infortúnios ocultos e movimenta todas as possibilidades possíveis visando extirpá-los.
Jesus, obviamente, não espera que solucionemos todos os problemas da Terra, mas por certo aguarda o nosso interesse pela construção de um mundo melhor, mais fraterno, solidário e humano. Não acredita, por enquanto, em nossa santidade, mas deposita fé nos esforços que podemos empreender para a consolidação da paz no coração das criaturas.
Dentro das possibilidades possíveis, façamos a nossa parte...