W. A. Cuin
“- A prece é um meio eficaz para curar a obsessão?
— A prece é um poderoso socorro para todos os casos, mas sabei que não é suficiente murmurar algumas palavras para obter o que se deseja. Deus assiste aos que agem, e não aos que se limitam a pedir...”. (Questão 479, de “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec).
A obsessão é a ação de um ou mais espíritos de natureza inferior contra encarnados, causando-lhes toda espécie de sofrimento e desconforto.
O processo obsessivo se dá por diversas maneiras; afinidade entre obsessor e obsedado, vingança, perseguições ao bem, inveja, dentre outras, mas sempre será o desejo de criaturas desencarnadas em provocar danos e prejuízos aos que seguem pela vida física.
A prece, esse canal que nos permite ligação direta com a Providência Divina, é, incontestavelmente, valioso recurso de que podemos dispor para buscar a superação de um quadro obsessivo. Através dela procuramos o auxílio de Espíritos benfeitores, dotados de possibilidades de nos promover o alívio que queremos.
No entanto, segundo orientação de o Espírito da Verdade, conforme resposta a questão acima mencionada, apenas pedir não basta, será indispensável a ação. Do “céu” nada cairá de graça, será imperiosa a iniciativa mediante a movimentação de atitudes e decisões capazes de nos assegurar o sucesso desejado. “Ajuda-te e o céu te ajudará”, ensina o conceito evangélico, portanto pouco vale implorar se os nossos braços permanecerem cruzados.
Acomodados e ainda pouco afeitos à proposta de sairmos a campo em busca da solução para os problema e obstáculos que nos constrangem, via de regra, recostados à sombra da inércia, ficamos longo tempo a espera de que alguém apareça para nos livrar dos percalços que nos atormentam.
Uma que vez que a obsessão se dá pela ligação entre as partes envolvidas, se realmente queremos o rompimento desses laços importa que mudemos a direção dos nossos pensamentos, pois através deles é que os obsessores sintonizam conosco.
E como são os espíritos inferiores que se prestam a tais investidas será natural compreendermos que os pensamentos que deles evolam tenha a mesma natureza, portanto ao elevarmos o conteúdo daquilo que procede da nossa mente estaremos rompendo esses contatos perniciosos.
Elevamos o nosso pensamento quando conseguimos ver na caridade um gesto firme de solidariedade e altruísmo, identificando os bolsões de dor e sofrimento, onde criaturas estendem mãos e lançam apelos silenciosos em busca de socorro para aos males que as afligem, e, de nossa parte, conseguimos movimentar recursos visando ampará-las.
Elevamos o nosso pensamento quando temos a sensibilidade de proteger crianças, adolescentes e jovens que vivem em condições de riscos e vulnerabilidade social e nos lancemos, com coragem e amor, a ajudá-los desinteressadamente.
Elevamos o nosso pensamento quando nos comovemos ao verificarmos o fogão sem chamas e as panelas vazias em lares desesperados e nos propomos a aliviar, pelo menos um pouco, o quadro de aflição e angústia que se descortina ante os nossos olhos.
Elevamos o nosso pensamento quanto temos a coragem de amparar a velhice abandonada, que ao nosso redor cria um cenário constrangedor, devolvendo aos idosos, mesmo que em doses diminutas, a esperança de dias melhores.
Agindo mediante iniciativas firmes e determinadas, nossos pensamentos se erguem, rompendo as ligações com os Espíritos inferiores, causadores de processos obsessivos, sintonizando em padrões mais elevados, com os espíritos superiores, promotores de convivências saudáveis e desejadas.
A prece é, sem sombra de dúvida, valioso recurso que está à nossa disposição, mas precisa receber o apoio da ação, para que surta os desejamos efeitos.
Oremos sempre, mas com as mãos firmes no trabalho e então os quadros obsessivos baterão em retirada. Reflitamos...