Há alguns anos atrás, quando a banda larga e os smartphones ainda engatinhavam no Brasil, fui chamado por um alto executivo de uma grande empresa de telefonia móvel para participar de um desafio para o qual ninguém tinha uma resposta. O desafio envolvia o governo de Santa Catarina e algumas de suas mais lindas e festejadas cidades, Florianópolis, Balneário Camboriú, Blumenau e Joinville. Como introdução sabia apenas que a missão girava em torno uma inquietação do governador com o tema turismo. Sendo um razoável conhecedor do quanto é difícil fazer turismo em nosso país, imaginei que a pauta envolveria a ambição de se atrair um maior número de visitantes para a região.
Os investimentos na área de turismo no Brasil são pífios, se comparados até mesmo com países vizinhos. Enquanto Colômbia e Equador, investem algo em torno de US$ 100 milhões por ano, por aqui os investimentos não chegam à casa do US$ 20 milhões. Não fica difícil compreender porque ocupamos apenas a 7ª posição no ranking de países mais visitados na América, e não figuramos entre os 50 destinos que mais atraem turistas no mundo.
Segundo a Santur (Secretária de Turismo do Estado de Santa Catarina), em um período de temporada o Estado recebe algo em torno de 5 milhões de visitantes, que permanecem um tempo médio de 4 dias na região e movimentam um ticket médio na casa de R$ 300 durante a permanência, um valor muito baixo, reflexo da ausência de mecanismos de inteligência e suporte.
Se há 5 anos atrás os mecanismos para dinamizar de forma coordenada as ambições do governador eram ainda um tanto escassos, com a popularização e disseminação da banda larga e das plataformas digitais, não há mais justificativa para não se reorganizar esta equação. Com um investimento coordenado, soluções multiplataforma especificamente desenvolvidas para este fim, podem transformar cidades analógicas em cidades interativas. Onde quer que esteja, da forma que preferir, o turista pode ter acesso a um pacote de informações e estímulos que vai estreitar a relação de engajamento com tudo o que a cidade oferece.
Na web, onde as pessoas tendem a ter menos pressa, o usuário pode estabelecer os primeiros contatos com a região e suas atrações. Dinâmica essencial até para se planejar e decidir pelo destino. No mobile, quando já no local, o turista pode consultar e receber estímulos personalizados de atrações por perfil, distância, gênero, a cidade na palma da mão. Através de códigos bidimensionais aplicados a atrações turísticas e fazendo uso do celular, pode-se acessar vídeos, textos e fotos que vão enriquecer a experiência do visitante. Como resultado, mais turistas vindo, mais turistas indo e compartilhando suas impressões positivas, mais dinheiro circulando, gerando empregos e desenvolvimento para a região.
Quem ganha com isto? Os turistas, o comércio e o próprio cidadão. Estimamos que a adoção do sistema de cidades interativas na região, possa não somente aumentar o tempo de permanência, mas acima de tudo dinamizar o valor econômico gerado pelo turista, podendo mais do que dobrar o ticket médio de consumo. A ambição do governador estava certa, de nada vale atrair mais turistas, se antes não se oferecer a estrutura de suporte necessária para estimular o engajamento. Ao empoderarmos o turista, a cadeia de benefícios tende a ser exponencial e o poder de conversão de valor passa a traduzir efeitos determinantemente superiores aos custos e energia necessários para atrair ainda mais visitantes.