Perguntas ecoavam por todos os cantos do Oriente Médio ainda hoje chamado de Palestina. Os senhores da situação e donos do tempo perguntavam constantemente: Quem é esse cidadão? De onde ele vem? Não podemos acreditar que essa criatura tão estranha, tão cheia de exigências possa vir mudar nossos rumos de vida! O que pensa ele que é? Um predestinado? Um salvador da Humanidade? Não podemos acreditar nisso. Diziam eles, que o homem valorizava os escravos, as crianças e as mulheres. A estas, deu religião e respeito. Deu o direito de testemunharem, condição negada até então. E mais, sacou qualquer tipo de condenação que lhes pudesse ser injusta. Expulsou vendilhões dos Templos. Restituiu a saúde aos enfermos, leprosos e cegos. Liberou os sábados, dia impróprio a qualquer atividade. Essa criatura não se defende quando o insultam, onde está seu brilho? Pois é, foi Ele mesmo que deu um depoimento dos mais significativos que temos conhecimento.
No momento de Sua despedida entregou às pessoas que lhes eram próximas todos os seus pertences, orientando a cada um deles como deveriam ser aproveitados. Disse o Mestre: Eu, Jesus de Nazaré, vendo próxima minha hora e estando na posse das minhas plenas faculdades, desejo repartir meus bens entre as pessoas que em Mim creem. Como cordeiro de Deus e sendo entregue para salvação da Humanidade, acredito ser conveniente repartir entre todos vocês. E assim, deixo-lhes todas as minhas coisas que desde o meu nascimento estiveram presentes na minha vida e a marcaram de modo tão significativo. A estrela, aos que estão desorientados e necessitam ver luz para continuar caminhando. Que ela os possa guiar em qualquer direção e que toda a Humanidade possa também se beneficiar dessa luz.
O lugar da manjedoura, aos que não têm nada, nem sequer um lugar para se albergar ou o fogo onde possa se acalentar. Minhas sandálias são suas. Entrego àqueles que desejarem empreender um caminho novo e aos que estiverem sempre dispostos a ensiná-lo a outros. A bacia, onde lhes lavei os pés, para quem tiver a predestinação de servir ao próximo, para quem desejar ser pequeno diante dos homens, porque será grande diante dos olhos de meu Pai. O prato, onde parti o pão é para os que se propuserem a viver em fraternidade, para os que estiverem dispostos a praticar o amor ao próximo, acima de tudo. O cálice, aos que estiverem sedentos de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa. A cruz, aos que estiverem dispostos a carregá-la como parte da sua e da Minha história. Minha túnica, a todo aquele que queira dividi-la com quem dela necessite para acalentar-se. Também quero deixar como legado à Humanidade inteira, as atitudes que Me guiaram na vida, atitudes que muito prezo e que também possa guiar a todos vocês. Minha palavra e todo ensinamento confiado por meu Pai, a todo aquele que a escutar e a puser em prática. A alegria, tão somente àqueles que desejarem partilhá-la. A humildade, para quem estiver disposto a trabalhar em favor de todos os Meus irmãos que aqui estão e a todos aqueles que Meu Pai permitir a vinda. Meu ombro, a todos que dele fizer uso para restabelecer forças daqueles que estejam abatidos pelo cansaço do percurso de suas humanas trajetórias. Meu perdão, para aqueles que dia após dia, pecado após pecado, saiba retornar aos ensinamentos e anseios do meu Pai.
Naturalmente, sinto especial predileção pelos menos privilegiados, sem ignorar a quaisquer outros por mais privilegiados que sejam. Tudo isto e ainda mais quero deixar-lhes, mas, sobretudo é a Minha vida que lhes ofereço. Sou Eu mesmo, que fico convosco para caminharmos juntos, partilhando preocupações e problemas, mas também justas alegrias. Transmito-lhes a vida, mas vós também podeis transmiti-la, mantendo-se unidos e amando-se de verdade uns aos outros, assim como Eu vos amei ao extremo e vos levo no Meu coração. Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim de todos os tempos.