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Os assédios e a violência contra crianças e adolescentes se constituem num fenômeno complexo e de difícil solução, mesmo com o empenho das autoridades competentes, visando a eliminação desse grande mal que ainda se estende no Brasil inteiro nos últimos tempos e que vem tomando dimensão a cada dia que se sucede. A violência cometida contra crianças e adolescentes em suas variadas formas faz parte de um contexto, até certo ponto histórico e social dos mais intensos que vive a nossa sociedade. O relatório da CPI ( Comissão Parlamentar de Inquérito) de 1.993 sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil trouxe à tona o assunto que até então era desconhecido do público em geral, ao contrário da tradição antiga, onde não se ouvia falar nesse aspecto, fez com que a sociedade se organizasse com alguns movimentos de conscientização, para que o índice fosse reduzido, mas persiste até hoje o problema que enfocamos nesta oportunidade. Esses movimentos de campanhas resultaram numa maior visibilidade, provocando maior interesse em combater e estudar o assunto, já que esse tema tem sido objeto de pesquisa, através de autoridades importantes do ensino junto às universidades do Brasil e do mundo. Para citar alguns exemplos, na região norte brasileira, as organizações têm feito campanhas contra o Turismo Sexual, principalmente de estrangeiros que vêm visitar o nordeste, não apenas em busca das belas praias, mas também de nossas crianças e adolescentes sem a mínima noção da vida que, em função da pobreza que assola aquela região, vendem o corpo, muitas vezes com o consentimento da própria família. Para ilustrar mais ainda esta observação e esse ponto de vista, a maioria da população tem conhecimento de que meninas a partir dos doze anos de idade em diante se entregam à prostituição, à vista da miséria em que vivem e da falta de amparo dos familiares. Esses, por sua vez, mergulhados na situação da pobreza, fica difícil coibir o comportamento das filhas, quando atingem essa idade e já partem para o mundo de uma vida pouco recomendada nesse campo. Quanto ao abuso sexual, às vezes ocorre no próprio ambiente familiar esta forma de violência contra crianças e adolescentes acaba se configurando na mais difícil missão de ser detectada e de uma forma a ser combatida, pois na maioria dos casos se dá dentro de casa por parentes ou vizinhos, além de amigos chegados à família, o que vem se transformar num quadro assustador, já que a maioria desses abusadores nem sempre é padrasto como se pensava. Em uma pesquisa ficou constatado que os principais abusadores são os pais biológicos, já que é muito comum crianças serem abusadas e outros membros da família como mãe e irmãos ou irmãs mais velhas, protegem o abusador com medo de represálias. A mãe, na maioria das vezes, protege o marido por não ter o que sustentar a casa, na eventualidade de o cônjuge abandonar o lar. O silêncio, em certas situações, encobre os problemas de abuso sexual e é uma das questões cruciais do enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Denunciar é o primeiro passo decisivo, sem o qual não surtem os efeitos desejados, mas aí vem a questão do medo de quem se disponha com toda a eficácia à denúncia para clarear esta ou aquela situação, porque está sujeito a sofrer sérias consequências por parte de quem não admite romper o silêncio da verdadeira situação. De 2.011 a 2.017, o Brasil teve um aumento de 83% nas notificações gerais de violências sexuais contra crianças e adolescentes, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde e no período correspondente foram notificados 183.524 casos de violência sexual, sendo 58.037 (31,5%) contra crianças e 83.068 contra adolescentes. Na maioria das ocorrências é fruto do convívio das vítimas e das famílias. O estudo também mostra que a maioria das violências é praticada sucessivamente. Campanhas e mais campanhas devam ser colocadas em prática, para que nossas crianças e adolescentes sejam mais protegidos pelas autoridades que estão mais afetas a esse quadro insustentável.
*Alessio Canonice – É de Ibirá e colabora com este jornal – alessio.canonice@bol.com.br
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