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Ontem foi 15 de outubro. Mais um 15 de outubro para lembramos dos nossos mestres, responsáveis pelos profissionais que nos tornamos. Me atrevo a dizer que o professor é o maior arquiteto da formação de uma sociedade. Por suas mãos, ele oferece aos alunos as ferramentas para que sejam economicamente ativos, socialmente participativos, politicamente conscientes e para que, em suas vidas particulares, sejam felizes. Ser professor, entretanto, é cada vez mais uma tarefa bem difícil. Apesar de ser uma atividade prazerosa a todos aqueles que abraçam a nobre missão de ensinar, a realidade no Brasil não é cor de rosa nem azul. E o futuro, se tudo ficar como está, se desenha bem cinzento. A desvalorização da carreira está estampada em várias pesquisas que apontam que menos de 3% dos estudantes que ingressam em universidades no Brasil querem ser professores. Enquanto cursos de medicina atraem centenas de candidatos disputando uma única vaga, os cursos de pedagogia ou licenciaturas isso nem acontece. Há menos de um candidato por vaga, na média nacional, numa clara demonstração que a carreira docente não é mais atrativa para as novas gerações. Baixa valorização e baixa remuneração dos professores no Brasil que resultam em falta de renovação e, consequentemente, em deficiências de formação que refletem na qualidade do ensino. Ser professor é abraçar uma profissão sem planos de carreira em grande parte da rede, e com defasagem salarial em relação às demais profissões. Fora a desvalorização social. Muito trabalho, salários menores do que se imagina, falta de respeito dos alunos e um dos piores sistemas educacionais do mundo. É assim que o brasileiro vê a profissão de professor, o que fez o Brasil cair neste ano para a última posição do ranking de prestígio de docentes, segundo o Índice Global de Status de Professores, que mede o respeito e o status dos docentes na sociedade. E se no ranking de prestígio geral o resultado não é bom para o Brasil, nos recortes específicos os dados também são muito desanimadores. Menos de 1 em cada 10 brasileiros (9%) acha que os alunos respeitam seus professores em sala de aula, o que coloca o nosso país também em último lugar do ranking entre 35 países avaliados. Em São Paulo, 51% dos professores entrevistados por uma pesquisa encomendada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado) disseram ter sido vítimas de algum tipo de violência na escola; e 61% dos docentes e 72% dos alunos consideram a escola um ambiente de violência. Um problema complexo, porque a escola espelha a violência da própria sociedade. E reflete tanto o baixo reconhecimento social do professor quanto a vulnerabilidade dos estudantes. Tenho o maior respeito e a maior admiração pelos professores. São eles que ensinam as letras e os números, que despertam o raciocínio, que formam as gerações. E me entristece muito saber que, além do baixo interesse das novas gerações pela profissão, muitos daqueles que nasceram professores desistem da carreira por falta de valorização e por conta da violência dentro e fora da escola da qual são vítimas. Educação é prioridade em meu mandato, e a valorização e a proteção ao professor são meus principais objetivos. Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 4185/15, de minha autoria, que vincula o piso nacional dos professores ao subsídio dos deputados federais e senadores da República, determinando que o menor salário de um educador não poderá ser inferior a 7,5% dos subsídios dos parlamentares. Sobre violência, registrei o PL 3002/19 para tornar mais rigorosa a punição dos crimes de homicídio, lesão corporal, calúnia, difamação, injúria e ameaça praticados contra o professor. É nossa obrigação como políticos, governantes, educadores e sociedade, enfim todos os brasileiros, encararmos todos esses desafios em busca do respeito e do reconhecimento ao professor. E fazer essa profissão economicamente viável e, principalmente, atrativa às novas gerações. Porque sem professor não há futuro!
Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo
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