Num diálogo entre a paixão e a sorte, dialogando sobre e o amor, dizia a paixão à colega: Estou saindo com esse cara e preciso de umas dicas. Que tipo de dicas perguntou para a sorte, você quer só curtir ou namorar? Estou querendo só curtir, acho que não devo me apaixonar por ele. Mas, na verdade, era isso que eu queria. Se você já não está apaixonada, não vai ficar, disse a sorte. A paixão chega primeiro. E ela não te pergunta se você deve se apaixonar ou não. Hein!!! Como assim? Ela chega antes e não pede licença. Antes de quê? Antes do primeiro abraço. Não entendi. Ah, não? Você não sabia? Achei que isso fosse de conhecimento universal. Faltei a essa aula. Explique, por favor. A paixão chega primeiro. Ela pega a gente na primeira conversa com a outra pessoa. Às vezes até antes disso, no primeiro olhar. O que vem depois é o gostar, o amar, o achar a companhia boa, essas coisas doidas. Paixão de verdade acontece antes disso tudo. Será que eu nunca me apaixonei então? E será que eu nunca vou me apaixonar? Eu não estou querendo dizer que um relacionamento não seja bom sem paixão, porque de todo modo ela passa depois de um tempo. Mas aquela paixão desvairada, que deixa a gente sem fome, sem conseguir dormir à noite, sem pensar em mais nada!!! Essa vem antes. Estou precisando é de uma dessas. Onde eu acho? Vende nas Lojas Americanas, ou Supermercado Muffato? Ela costuma aparecer de surpresa. Pode surgir quando alguém disser alguma coisa que encaixe exatamente naquilo que você deseja escutar, ou quando você conhece uma pessoa que tem algum detalhe diferente que te chama a atenção, ou até já pode estar aí, camuflada por um outro sentimento, como ódio, raiva, indiferença. Mas que no fundo nada mais é do que uma tentativa de a ocultar. Mas o que importa é que ela vem de repente. E aí te pega, te amarra e te deixa sem ação. Depois é depois. A paixão pode evoluir e se juntar ao amor, e com isso durar muito ou pode não dar em nada, e evaporar. Ainda tem aqueles casos que não dão certo e duram muito, mas isso já é um sentimento derivado, é a paixão-platônica. Mas o mais importante é que a paixão só acontece quando a gente não está esperando. Às vezes ela pode vir do lado oposto ao que você está prestando atenção. Não se preocupe, quando menos notar, você vai estar apaixonada. É só não ocupar o espaço tentando se apaixonar pelas pessoas erradas. Paixão não se fabrica. Ela acontece. Você é especialista no assunto? De jeito nenhum, na verdade só estou só falando como pode funcionar isso. Acho que ninguém é perito nessa área. Mas, com certeza, tem pessoas que são expert em “estar apaixonada”. Acho que não tem nada melhor do que ficar inspirada, suspirando e vendo o mundo cor-de-rosa. Por falar em inspiração, bem que você podia escrever sobre o assunto. Boa ideia. Vou fazer uma crônica em sua homenagem. Quando? Na verdade, já estou fazendo. Você escreveu junto comigo. Depois de eternamente apaixonados, disse o amor à paixão: Se algum dia eu soubesse que veria você em sono profundo e sem volta, eu lhe daria um abraço mais forte e pediria a Deus para acolher a sua alma. Se eu soubesse que seria a última vez a ver você saindo para a rua, eu lhe daria um abraço profundo e a chamaria para dar mais um. Se eu soubesse que seria a última vez a ouvir sua voz elevando uma prece, eu gravaria cada movimento e cada palavra, para revê-los depois todos os dias. Se eu soubesse que seria a última vez que eu poderia parar mais um ou dois minutos para dizer-lhe “gosto de você” eu diria, ao invés de deixar que você presumisse. Se eu soubesse que hoje seria o último dia a compartilhar a vida com você, tenho certeza de que a sentiria muito mais intensamente em vez de deixá-la simplesmente passar. Sempre acreditamos que haverá o amanhã para corrigir um descuido e para ter uma segunda chance de acertar. Será que haverá sempre um outro dia para expormos nossos sentimentos? Haverá sempre uma chance para dizer: posso fazer alguma coisa por você? O amanhã não é garantido para ninguém, seja para jovens ou mais velhos, e hoje pode ser a última chance de abraçarmos aqueles que amamos. Então, se estamos esperando pelo amanhã, por que não agirmos hoje? Assim, se o amanhã nunca chegar, não teremos arrependimento de não termos aproveitado um momento para um sorriso, para um abraço, para um aconchego, uma gentileza, porque estávamos muito ocupados para dar a alguém o que poderia ser seu último desejo. Abracemos hoje aqueles que amamos, sussurremos em seus ouvidos, dizendo-lhes o quanto nos são queridos e que sempre os amaremos. Encontremos tempo para dizer: “Desculpe-me” “Perdoe-me” “Obrigado” “Eu perdoo você”. Sempre há tempo para amarmos e se não houver amanhã, também não haverá remorsos de hoje para carregarmos.