Vanessa Bortolozo (Foto: Divulgação)
Antes de tudo, se faz necessário compreender que a ansiedade é uma reação normal do corpo, frente a situações de risco ou tomadas de decisões compreendidas como complexas. Quando a ansiedade começa trazer transtornos para a pessoa, pode haver o início de um quadro patológico, o que se caracteriza os transtornos de ansiedade. Esses são diversos e se constituem por um grupamento de comportamento frente à crise ou aos sintomas de ansiedade.
No mundo do trabalho é comum em entrevistas, apresentações, ou em momentos importantes que o nível de ansiedade das pessoas aumente. No entanto, são outras situações que preocupam em relação à ansiedade. As relações interpessoais, política da empresa, vulnerabilidades do ofício, más condições de trabalho e outros problemas como assédio moral e pressão por produção ou rendimento. Cabe lembrar que muitas vezes os transtornos de ansiedade não estão ligados ao trabalho, mas se reflete nele.
Ansiedade e o
mundo corporativo
Com a era da produtividade as relações de trabalho não conseguem atingir um caráter meramente existencial, ou seja, pessoas muitas vezes sequer conseguem seguir suas vocações, mas buscam empregos que as gerem melhores possibilidades de trabalho e renda. Esse fenômeno provoca alta insatisfação na produção do ofício, estresse e até infelicidade. Outro ponto, se dá na própria lógica das empresas. Algumas se findam no funcionário como mera engrenagem da produção. Dessa forma, esses não possuem possibilidade de atingir necessidades secundárias como segurança no trabalho, reconhecimento e autorrealização.
Lembro que necessidades básicas podem se materializar nas necessidades alimentares, de moradia e em relação ao sono ou descanso. Essas questões aqui tratadas interferem diretamente nas questões que levam a redução da condição de saúde e levam até a pessoa a não atingir um estado de felicidade diante do trabalho.
Assim, pessoas que não se sentem felizes ou que não vislumbram melhores possibilidades de vida, são pessoas mais vulneráveis ao adoecimento psíquico. O quadro mais comum, produto do sofrimento, é a ansiedade. Como disse anteriormente, a ansiedade é um movimento do corpo se preparando para uma possível ameaça.
É importante compreender que algo pode ser feito para frear o avanço da ansiedade e redução da qualidade de vida de profissionais. E dessa forma para outros estudiosos “a percepção de suporte social de pares e da chefia ao lado da autonomia no trabalho, atenuam o impacto negativo do estresse sobre o bem-estar”. Por isso, torna-se importante compreender os sinais e sintomas da ansiedade no mundo do trabalho para que haja identificação do problema e criar medidas de intervenção que podem ser realizadas por empresas e por profissionais.
Principais causas de
ansiedade no trabalho
Relacionameto, carreira e a satisfação profissional se relacionam o tempo todo nas questões que geram ansiedade. No geral, a lógica da produtividade e as cargas de trabalho em excesso, além de questões anteriormente discutidas levam o profissional à exaustão. Cabe lembrar que profissionais da saúde estão entre os mais afetados, uma vez que lidam com a vida e morte, além de toda peculiaridade que estamos vivendo na pandemia. Outras questões se fazem relacionadas a busca da perfeição e a concorrência presente no mercado de trabalho. Essas questões geram gatilhos importantes que geram ansiedade e em sua complicação transtornos relacionados. Entre as principais questões relacionadas podemos destacar:
· Excesso de responsabilidades para os profissionais;
· Metas muito difíceis ou impossíveis de serem alcançadas;
· Relacionamento agressivo ou abusivo entre os profissionais ou chefias;
· Prazos de entrega de serviço ou produto em tempo não adequado;
· Excesso ou sobrecarga de trabalho
Não é bom para a economia do país, para a saúde das pessoas e para a saúde das empresas que os trabalhadores estejam doentes. É preciso que em um conjunto de ações sejam realizadas e que essa, seja uma preocupação de todos. As empresas são peça fundamental nessa questão, uma vez que podem evoluir enquanto instituição, construindo um ambiente corporativo mais saudável e feliz, longe da ansiedade e depressão. Essa construção além de ser humanitária, promove a diminuição do turnover e do absenteísmo, além de gerar mais produtividade nas empresas. É importante dizer que uma empresa onde as pessoas são cuidadas e possuem segurança e bem estar, elas querem permanecer, e ainda, promover seu crescimento. Por isso, essas questões devem ser analisadas com maior cuidado por todos nós.