Franco Zeffirelli, cineasta italiano, em foto de 1974 — Foto: Jerry Mosey/AP
Morreu neste sábado (15) o diretor de cinema italiano Franco Zeffirelli. Ele tinha 96 anos. Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), o filho de Zeffirelli, Luciano, confirmou que seu pai morreu em casa por volta das 12h deste sábado na Itália (cerca de 7h do horário de Brasília).
"Ele sofreu durante um tempo, mas se foi de uma forma pacífica", afirmou Luciano.
Ópera e Shakespeare
Zeffirelli ficou famoso por dirigir filmes como "La Traviata" e "Romeu e Julieta", pelos quais foi indicado ao Oscar, mas também por produções de óperas e obras para a televisão. De acordo com a AP, o cineasta encantou as plateias pelo mundo com sua visão romântica e produções muitas vezes extravagantes.
Em uma entrevista em 2013, quando completou 90 anos, ele afirmou que o público em geral se lembraria dele principalemente por sua produção de "Romeu e Julieta", que ganhou as telas em 1968, além da minissérie para a televisão "Jesus de Nazaré", de 1977, e o filme "Irmão Sol, Irmã Lua", de 1972, que foi um tributo a Santo Antonio de Assis, informou a agência Reuters.
Nascido em 12 de fevereiro de 1923 em Florença, Zeffirelli foi fruto de um caso extraconjugal entre sua mãe, costureira de sucesso casada com um advogado, e um cliente vendedor de tecidos.
Segundo a agência France Press (AFP), a mãe do cineasta, como não poderia dar ao filho o sobrenome do marido ou do amante, escolheu um nome que ouviu em uma ópera de Mozart, que falava dos "zeffiretti gentili" (ventos suaves). Um erro de transcrição no cartório o transformou em Zeffirelli.
Um dos poucos artistas que apoiaram politicamente o polêmico Silvio Berlusconi, Zeffirelli foi senador do partido fundado pelo magnata das comunicações, Forza Italia, de 1996 a 2001.
Em suas memórias, o cineasta assumiu sua homossexualidade e disse que foi apaixonado pelo grande cineasta e intelectual Luchino Visconti, com quem colaborou durante muitos amos. "Sou homossexual, mas não gay, uma palavra que odeio, que é ofensiva e obscena", escreveu.
"Com Visconti vivi um amor atormentado, esgarçado, mas nunca apagado. Para mim, Luchino era o modelo de tudo o importante", acrescentou Zeffirelli, que lembrou ainda seu amor por Maria Callas, "a única mulher por quem me apaixonei".
Denúncia de abuso
Em janeiro 2018, Zeffirelli foi acusado pelo ator Johnathon Schaech de ter abusado sexualmente dele durante as filmagens do filme "Sparrow", em 1992. Schaech, que era um ator novato na época, afirmou que o diretor entrou em seu quarto de hotel enquanto ele dormia e deitou ao lado ele e o tocou sem sua permissão, além de ter sido verbalmente abusivo e agressivo.
Na ocasião, a família do cineasta, que já estava com a saúde debilitada, negou a acusação em um comunicado e afirmou que o ator teria raiva do diretor, que, após as filmagens, dublou as falas de Schaech devido a um problema de dicção dele.
"As afirmações não são verídicas. Diretores têm estilos diferentes e quando eles estão lidando com atores que não têm experiência, às vezes, eles são mais exigentes e pressionam mais", disse o comunicado.
"Me surpreende que o Sr. Schaech tenha esperado tanto tempo e escolhido esse momento exato para fazer suas acusações, agora que o maestro, por causa de sua condição de saúde, não pode se defender", afirmou Pippo Corsi Zeffirelli, filho do cineasta.