Que a saúde nunca foi tratada de maneira eficiente no Brasil, isto nunca foi novidade. A falência do sistema de saúde pública compromete cada vez mais os modelos de gestão dos entes políticos. Não é a toa que o Brasil ocupa o 123º lugar como o pior modelo de saúde pública se comparado com 125 países do mundo. E quando se perde a esperança pelo restabelecimento estrutural e funcional dos hospitais públicos chegamos ao fim do túnel. Morrer de apendicite, em pleno século XXI é algo inaceitável.
As faculdades de medicina estão se tornando um local de futuros profissionais da beleza, que estudaram a vida toda em escolas particulares, e depois vão se tornar cirurgiões plásticos. Dessa forma, somente aqueles profissionais com ideologia, vão encarar a dura realidade do interior do Brasil.
Lutar pela vida é uma realidade de quem nasce com um dom diferenciado. Muitos médicos se tornam políticos, empresários e deixam o seu juramento de lado.
Trazendo para o contexto de nossa cidade, temos a sensação de que tudo vai bem. O nosso sistema de saúde, sobretudo da Santa Casa, é considerado um modelo de gestão para todo o Brasil. Todavia poucos conhecem as dificuldades de manter um projeto dessa magnitude. O governo não disponibiliza as verbas necessárias para a manutenção do serviço, e a Santa Casa tem que viver dependendo de deputados que criam emendas para angariar recursos.
Acontece que nada é dado de graça. Depender de um deputado significa estar preso. A Santa Casa passa a ser um programa eleitoral, disputado por todos. Não podemos ficar com pires na mão, batendo de porta em porta, pois os prejuízos são diários.
É mais fácil e barato para o governo do Estado, por exemplo, ajudar com o repasse de verbas a um hospital que não é de sua “propriedade”. Por esse motivo, foram oferecidos financiamentos a juros zero para as Santas Casas em todo o Estado de São Paulo, visando fortalecer as estruturas e continuar garantindo o atendimento. A falta de comprometimento das esferas do poder público, por se tratar de uma entidade privada, embora sem fins lucrativos, se reverte em falta de fiscalização da aplicação dos recursos enviados, facilitando os desvios. Nesse jogo de “eu fiz a minha parte”, lavam suas mãos, pois ajudaram, embora sem a devida comprovação. E o povo? Que se danem.
Nesse jogo de empurra, a demagogia corre solta. Qualquer erro vira motivo de debates enfadonhos, como o que ocorreu aqui em Votuporanga, no início do ano, quando nosso presidente da câmara chamou um médico de assassino. As caronas políticas são constantes. A secretária de saúde gasta boa parte de seu tempo respondendo perguntas de caráter eleitoral feitas pelos nossos nobres vereadores, que não contribuem em nada na edificação do sistema.
Será necessário, que as Santas Casas se unam em torno de um objetivo em comum, e cobre o governo um repasse sério, justo e principalmente fiscalizado, para que somente os profissionais sérios, possam atuar no segmento.
A cada dia que passa, um paciente atendido gera uma despesa que não possui receita. A conta não fecha. Não podemos cair na mesmice que é o sistema de saúde no Brasil. Se o ex-presidente Lula fosse se tratar pelo SUS, quem sabe a coisa mudaria. Porém ele será mais um a dar lucro para o Sírio Libanês, assim como fez o José Alencar.
Antônio Lima Braga Júnior
toninho.braga@hotmail.com
Votuporanga - SP