Já escrevi por aqui: chegam algumas épocas e nossos corações ficam mais emocionados. Claro, isto só serve para quem possui sensibilidade, para quem gosta da vida e respeita os semelhantes. Por isso, deixemos para outras semanas os assuntos que azedam nosso dia a dia e procuremos entender e valorizar nossa convivência comunitária, ou seja, o que vimos e vivemos em nossas vidas. Falemos de pessoas que admiramos, falemos de fatos positivos que se traduzem em benefícios, quando possível, para a felicidade de todos.
O articulista já passou dos setenta e esta em Votuporanga por exatos 66 anos. Viemos para cá, como muitos, em 1945, no final da segunda guerra mundial. A cidadezinha era muito pequena, porém, vibrante para a época. Diariamente chegavam por aqui pessoas em busca de uma nova vida, de novas oportunidades. Enfrentaram situações difíceis, não havia casas para todos, muitos viviam em casas de pau a pique, outros se dirigiam para os campos e trabalhavam no cultivo do café, do algodão e do arroz, as mais comuns. Alguns vieram para o comercio e se instalaram com pequenos negócios. Famílias unidas, todos trabalhando, todos procurando progredir. Não era fácil, jamais foi fácil.
E, de todos que vieram, até 45, e botaram o umbigo no balcão e jamais largaram, apenas um ainda esta no mesmo lugar. Falo do meu querido amigo Mané, o Manoel Anzai. Eta japonesinho, misturado com espanhol, danado. O “seu Paulo”, seu pai, colocou o moleque no negocio e o cara ta por ai ainda. Vá ser teimoso lá adiante. No começo da vendinha o negócio eram os cereais, os ovos e as galinhas, depois, bem, depois é isto que esta por ai. Sempre no mesmo lugar, sempre no “começo da Amazonas”. Inclusive me lembro de quando fui para meu primeiro dia de aula, em 46, e quem fez meu uniforme foi a Matilde, irmã do Mané. Pois é, a gente se conhece desde outras épocas e, como se diz, desde moleques. Havia e, felizmente, ainda estão entre nós, muitos outros amigos e companheiros da mesma época. Cada um seguiu um “rumo” na vida, mas todos nos respeitamos. Todos vimos e acompanhamos o que aconteceu com a cidade. Muitos estivemos em vários momentos de importantes decisões e conhecemos aqueles, mais velhos que nós, que deram inicio a essa união comunitária que temos hoje. Aprendemos com eles e, acredito, conseguimos ser uteis para a comunidade.
É isso ai, o Mané é um desses que sempre esteve “metido” em tudo. Nos Clubes, na Associação Comercial, no Rotary e em muitos outros lugares onde precisassem de seus esforços. E, o interessante é que o danado do japonesinho não deixa barato. Quando tem de falar, fala; quando tem de chamar atenção, chama. O danado não tem medo, mesmo porque, o mais importante, não tem o rabo preso.
E, porque estou aqui “puxando o saco do Mané”? Simplesmente porque em 2012, ou seja, daqui uns poucos dias vamos entrar no ano dos nossos 75. Vai haver festa, vai haver homenagens, etc., etc. e, nada melhor que provocar nossas lembranças de fatos que se passaram e de alguém, como o Mané, ou alguns que estão por aqui ainda, Graças a Deus. Quem se lembrar ou tiver uma boa história que se manifeste, coloque para fora, mostre para os mais novos, pois, assim a valorização do que aconteceu em nossa cidade será maior.
E, aproveito para deixar um recado para nosso jovem Prefeito: Não se estresse pela impaciência, não se desiluda pela frieza de outros que nem conhecemos, continue com seus sonhos, vá em frente com seus planos, aproveite o Carlão e o Dado, para que cada dia mais os nossos habitantes tenham serviços públicos mais qualificados. O Mané já foi jovem como vocês (prefeito e deputados), lutou fez a parte dele, agora, bem, agora é com vocês. Nós continuaremos dando palpites, Graças a Deus.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados