O Brasil necessita de ajustes no seu modelo econômico para retomar o caminho do crescimento. Juros mais baixos, pacotes de incentivo ao crédito, benefícios tributários para setores estratégicos. Medidas que vão no sentido de reaquecer o nosso PIB, que registrou estagnação no 3º trimestre deste ano. Todavia, relembro que para realmente avançarmos nos investimentos e realizações do setor de infraestrutura é fundamental contarmos com um profissional do desenvolvimento – o Engenheiro.
A Frente Parlamentar em Defesa da Infraestrutura Nacional acaba de lançar um manifesto (confira a íntegra) em que apresenta um conjunto de propostas de entidades comprometidas com o crescimento da economia brasileira e o desenvolvimento do setor de infraestrutura.
O documento tem como objetivo reafirmar uma plataforma mínima e pode orientar uma ação integrada de uma política de Estado voltada para a implantação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, ao tratarda questão tributária, da estabilidade jurídica, da inovação tecnológica, da defesa comercial, das PPPs (Parcerias Público-Privadas), das concessões e da qualificação da mão de obra.
Presidente da Frente Parlamentar, também apresentei um projeto de lei que tem como objetivo o aprimoramento das regras que regem as PPPs. O PL é subscrito pela Frente, com assessoria técnica da Gerner de Oliveira Associados, e apresenta propostas para aperfeiçoar, agilizar e destravar os investimentos por parte do setor privado, no sentido de criar a estabilidade jurídica fundamental para impulsionar os investimentos no setor.
Investir na formação
Entretanto, não basta garantirmos os investimentos necessários se não combatermos o déficit de engenheiros no País. O Brasil ainda forma apenas 55 mil engenheiros por ano, mesmo diante do aumento do interesse dos jovens pela carreira, um crescimento significativo de 67% de 2004 a 2009. Como muitos buscam carreiras alternativas em setores mais lucrativos, como o financeiro, são 32 mil os que passam a atuar na profissão. A Coréia do Sul, com um quarto da nossa população, forma 80 mil engenheiros por ano.
O mercado nacional tem necessidade de 60 mil a 80 mil novos engenheiros anualmente. Parte dessa demanda é preenchida por profissionais estrangeiros, atraídos pelo bom momento econômico brasileiro frente à eminente recessão nos mercados desenvolvidos. Mesmo assim, faltam profissionais.
Uma realidade que aos poucos começa a se transformar. De acordo com dados do Sisu (Sistema de Seleção Unificado), site que seleciona os alunos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio para universidades públicas e institutos tecnológicos, os cursos de engenharia foram os mais procurados, com 251 mil inscritos. Além de ter sido a carreira mais procurada, engenharia foi a que mais ofereceu vagas: 15% das 83.125 disponibilizadas.
Também há o incremento das vagas para cursos a distância, que quintuplicaram, entre 2007 e 2009, para algo em torno de 8.600 estudantes. Olho com certa desconfiança para esse crescimento do ensino à distância, embora a Era Digital possa contribuir para suprir parte da demanda, é fundamental que estes cursos sejam submetidos a critérios objetivos de avaliação, que deveria ser definida pelo Ministério da Educação em conjunto com entidades de classe do setor. Afinal, de nada adianta um diploma na mão sem a experiência prática, pois estamos falando de uma profissão estratégica para o nosso desenvolvimento.
11 de dezembro
Apesar dos desafios para avançarmos, quero aproveitar a data comemorativa para destacar algumas entidades e personalidades do setor que se destacaram este ano.
O Instituto de Engenharia homenageou este ano o Engº João Crestana, atual presidente do Secovi (Sindicato da Habitação) e profissional há 27 anos no mercado imobiliário, que também foi executivo e consultor de multinacionais e de grandes grupos nacionais.
Merece também destaque o trabalho desenvolvido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) por sua longa história de luta em defesa dos profissionais e da tecnologia nacional, que desde 2006 toca o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”.
Aliás, foi nas dependências do SEESP que recebi da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) o título de Personalidade da Engenharia este ano (clique e confira as fotos). Uma homenagem que serve de incentivo para continuar batalhando pela nossa engenharia.
No papel de engenheiro politécnico, lembro o último dia 11 de dezembro, em que comemoramos o Dia do Engenheiro, ressalto que para sermos capazes de tirar do papel as obras anunciadas e alavancarmos o crescimento esperado, precisamos de um ser humano capaz de realizar este trabalho com competência e qualidade: o nosso Engenheiro.
*Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) – engenheiro civil (Poli/USP) e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Infraestrutura Nacional