Esperei algum tempo para manifestar a minha opinião, principalmente para evitar que o assunto ficasse
integrante do burburinho normal que ocorre, sempre que o assunto vem à baila. Estou falando sobre o nosso Horário de Verão, quando os nossos relógios são adiantados em uma hora, em boa parte do território nacional.
Em nome da economia de energia elétrica, somos obrigados a mudar o nosso cotidiano, e quando nos acostumamos a ele, nova alteração, e voltamos ao horário normal. Findo o prazo, como acontece
todos os anos, o Governo Federal virá a público dizer o quanto teria economizado em energia elétrica, evitando o excesso de consumo nos horários de pico, ou preservando os nossos reservatórios hídricos. Informações que jamais serão contestadas, principalmente porque não temos meios para aferir a sua veracidade.
A implantação do Horário de Verão é uma conduta que precisa ser revista. Ela faz parte de uma série de decisões
que são impostas à sociedade e nós, como simples cordeirinhos, as aceitamos como se a nossa opinião não fosse a mais importante. A decisão vem, “de cima para baixo”, e apesar de não ser consultada a respeito, a sociedade aceita.
Isso ocorre em vários setores, por exemplo, nas normas de trânsito: a obrigatoriedade dos estojos de primeiros
socorros, a mudança nos modelos das placas dos veículos, o pagamento do seguro obrigatório quando temos seguro total no veículo; ou, de forma abrangente, decisões como a polêmica permissão para o casamento entre pessoas de mesmo sexo.
Sei que o assunto choca, mas, vamos a ele. O que choca, não é apenas a decisão em si, é a forma como ela nos
é imposta. Em que pese o respeito que temos pelas nossas autoridades máximas do Judiciário, não acho justo que a sociedade não seja consultada sobre assuntos desse porte. O que defendemos é a realização de plebiscitos, de modo a que o povo decida se deseja o Horário de Verão, o casamento de pessoas de mesmo sexo, a obrigatoriedade disso, ou daquilo.
Somente assim, com a consulta popular - em que pesem os argumentos do custo que isso representa- teremos condições de aceitar ou recusar determinadas decisões que são despejadas nas costas da sociedade. E, mais que
isso, acabar de uma vez com todas a prática, mostrando que, de fato, todo o poder emana do povo.
*Vitor Sapienza é deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo