Era um domingo, daqueles comuns para a maioria das pessoas. Um dia comum de sol, onde muitos descansavam. Eu, porém, estava vivendo meu 17º dia de agonia. A cada dia que passava, minhas orações iam mudando o teor.
Logo pela manhã, recebi em minha casa, um dos poucos amigos que tenho de verdade. Ele tentava me fazer esquecer os percalços e sorrir um pouquinho de alguma forma. Todavia quis o destino, que logo nas primeiras manhãs daquele fatídico dia, um mensageiro meio sem jeito viesse me dizer, que o meu anjo particular tinha ido embora.
Naquele momento, ainda que no fundo, eu já sabia que isso iria acontecer, meu chão acabou, pois minha mãe, aquela que cuidou de mim com todo o seu amor irrestrito e incondicional, não poderia mais dizer eu te amo.
Ao vê-la pela última vez, dentro de um caixão, imaginei o quanto era pequeno. Senti-me como um bebê desmamado que não tinha mais referências, não tinha mais alguém que intercedesse junto a Deus por mim.
Com o passar do tempo, percebi que o ciclo natural da vida estava em curso. Percebi que tinha minha esposa e minha filha para completar minha vida, e que a minha mãezinha havia completado sua missão na Terra. Descobri que as orações intercessoras que ela fez por mim durante a sua vida, vão me servir de “poupança” de bênçãos por toda a minha existência.
Sábado último completou dez anos que sepultei minha mãe. É uma data triste para mim, todavia não sou egoísta para exigir que o mundo pare. É um momento meu que me faz refletir na vida, e traçar planos para o futuro.
Entretanto, depois de mais de dez anos escrevendo artigos, na sua grande maioria carregada de críticas pesadas contra a sociedade, resolvi repartir um pouco esse momento meu, para dizer para os filhos que tratam suas mães de qualquer forma, que vão para a balada sem dar nenhuma satisfação para seu anjo particular, que não sabem quantas noites são perdidas na preocupação pela sua prole, que por mais que vocês se realizem na vida, nada vai substituir o lugar que ela ocupou.
“Antes de ser mãe eu não conhecia a sensação de ter meu coração fora do meu próprio corpo. Eu não conhecia a felicidade de alimentar uma bebê faminto. Eu não imaginava que alguém tão pequenino pudesse fazer-me sentir tão importante. “(autor desconhecido).
Antônio Lima Braga Júnior
toninho.braga@hotmail.com
Votuporanga - SP