Com a formatura da primeira turma de residentes da Santa Casa de Votuporanga em parceria com a UNIFEV, finda-se o primeiro ciclo, pós-graduação na modalidade latu-sensu. São médicos egressos dos quatro cantos do país, que se formam nos cursos de Cirurgia Geral Básica, Clínica Médica e Pediatria. No próximo ano, teremos formandos em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e no outro formaremos a primeira turma de Ginecologia e Obstetrícia (estas duas áreas que necessitam de três anos de formação mínima).
Desde 2007, iniciamos o processo da residência médica, inicialmente por ser exigência do Ministério da Educação para aprovação do curso de Medicina na UNIFEV – com a pesquisa e conhecimento se aprofundando nessa área, percebemos que as benesses seriam muito mais do que uma condicional para o sonhado curso de medicina.
Os bons hospitais do mundo, de toda a sorte de dimensões e complexidades, possuem a residência médica instalada como um dos pilares de qualidade. Essas instituições apresentam menor mortalidade por leito, períodos mais curtos de internação, aumentam o volume de médicos por leito e por metro quadrado do hospital e por consequência, as populações de comunidades circundantes a tais hospitais demonstram maior percepção de qualidade em relação a estes.
No início as dificuldades pareciam intransponíveis. Passavam pelas restrições financeiras das entidades (Santa Casa e UNIFEV), as quais no entanto não mediram esforços para instalação dos cursos. Outra dificuldade, a aceitação pelos médicos, foi passo decisivo para o início dos cursos – esta aceitação talvez tenha sido muito mais difícil que as barreiras financeiras.
Um dos grandes artífices de nosso curso de residência foi o Prof. Dr. Antônio Carlos Lopes, da UNIFESP. Este grande nome da medicina nacional e internacional, autor de vários livros e artigos científicos, nos estimulou e orientou o mais básico dos paradigmas. Para ensinar medicina precisaríamos de 3 coisas muito simples: o residente, o médico (preceptor) e o paciente, cobertos por um teto institucional. Essa noção foi fundamental para nós médicos, pois no ensino dos residentes perceberíamos que seria muito mais importante a presença do preceptor médico, do que um “professor doutor” longe do doente.
Compreendemos que a proximidade do residente, preceptor e doente são os fatores fundamentais no aprendizado. O residente aprende muito mais com a atitude do médico mais experiente, ao lado do doente, do que com muitas horas de aulas teóricas. Assim define-se a residência médica: aprendizado em trabalho.
Não diferentemente de outras cidades com o porte de Votuporanga, os médicos os quais não participam dos processos de ensino-aprendizado necessitam de renovação de conhecimento através de congressos e literatura pertinente. Quando existe a participação ativa do médico no ensino, este empreende a maneira mais eficaz de aprender: ensinar. A ideia básica da execução do trabalho médico na maioria dos países sérios, passa obrigatoriamente pelos pontos: aprender, executar e ensinar – a falta de um deles acaba deixando incompleto o ciclo.
Nossos formandos estão tomando rumos diferentes. Na Cirurgia Geral Básica, estão pleiteando especializações em Cirurgia Plástica e Gastro-cirurgia. Na Pediatria as residentes já garantiram vagas em Neonatalogia na UNIFESP e UNESP. Na Clínica Médica temos um dos residentes que irá iniciar Cardiologia e outro que irá exercer o belo ofício de Clínica e Emergência.
Tenho certeza do orgulho dos preceptores a respeito desses formandos, bem como do orgulho das instituições Santa Casa de Votuporanga e UNIFEV. A formatura da nossa primeira turma é a coroação de todos os envolvidos.
Ficam aqui os agradecimentos a estas duas belíssimas instituições que nos albergam, a Santa Casa e a UNIFEV, em nome da COREME (Comissão de Residência Médica).
Agradeço também o incansável prefeito Júnior Marão, que sempre que o processo esbarrava, se empenhava fortemente em nos ajudar, mesmo sem benefício pessoal algum, somente em prol da causa nobre. Ao Magnífico Reitor da Unifev, nosso amigo Marcelo Lourenço e ao presidente Júnior Seraphim e todos daquela instituição. Aos diretores da Santa Casa, na figura do provedor “Luiz Torrinha”, que se empenhou em tudo o que foi necessário para que esse projeto saísse do papel. Na parte administrativa, Mário Bernardes e sua equipe foram fundamentais, principalmente porque cederam uma das figuras mais importantes do processo burocrático, que por mudança de municípios não está mais na instituição, a Sra. Lenara Barbieri.
Agradecimentos à prefeitura que soube entender o processo, na figura da Secretária, Dra. Fabiana Parma, adequando espaços físicos na atenção básica e cedendo profissionais e recursos para a Residência, reforçando a parceria com a Santa Casa e UNIFEV.
O agradecimento infinito a todos os preceptores os quais se envolveram. Tenham a certeza de que fizemos história, influindo positivamente na vida de muitas pessoas e nas nossas instituições. Aos coordenadores que iniciaram o processo em 2007, doutores Fabiano Natividade Cardoso, João Paulo Pedroso, Mauro Esteves Hernandes e Antônio Seba Junior, além da Radiologia. Após, em 2009 com permanência dos mesmos e mais tarde com o Dr. Alexandre Arakawa assumindo a GO e iniciando os processos na área. E agora aos coordenadores na configuração atual: Doutores Fernando Luiz de Faria na GO, Marcelo Rodolfo Marciano da Cirurgia Geral, Antônio Seba Junior na Pediatria e Dra. Lígia Maria Duarte Tellis na Clínica Médica.
Especialmente ao Dr. Antonio Barbosa, amigo das horas difíceis, pragmático e auxiliador, bem como ao amigo Dr. Seba, pois no auge do que pensávamos ser nossa derrota no início do processo, mostrou-me a altiva figura do Dr. Bezerra de Menezes, que através do trabalho fez mais do que muitos na medicina e seu exemplo tornou pequenas as dificuldades daquele momento.
Agora nossos projetos para o futuro passam pela ampliação dos cursos, já tendo sido aprovado o curso de Medicina Comunitária com bolsas (agradecimentos ao Sr. Halim Haddad que ajudou na conquista das mesmas, viajando a Brasília mesmo quando estava com problemas de saúde, há 2 anos), além de outras especialidades as quais a região e o MEC possuam demanda.
Parabéns aos formandos e a todos os quais se envolveram direta ou indiretamente.
*Alexandre Henrique Caetano de Parma é coordenador da COREME - Santa Casa/UNIFEV