Salomão foi o maior dos reis de Israel. Filho de Davi, foi o escolhido dentre os seus três filhos para governar as 12 Tribos de Israel (1009 a 922 a.C.), o que naturalmente provocou a inveja dos outros dois irmãos, dando início a inúmeras conspirações para destroná-lo. Posto que, segundo consta, Salomão era também o escolhido por Deus para conduzir o seu povo.
E, Salomão pediu a Deus que o fizesse sábio, a fim de poder levar a bom termo a sua missão, no que foi plenamente atendido. Assim, ele foi o mais sábio e justo rei que já governou, diz a Bíblia. A passagem na qual resolve a disputa de duas mães, as quais pelejavam por um bebê vivo, pois o outro morrera durante a noite, alegando que a criança sobrevivente era sua, descreve bem a sapiência do rei Salomão.
Ouvindo as duas não consegue saber quem mente e quem fala a verdade. Salomão saca repentinamente uma espada e declara que irá partir a criança ao meio, a fim de satisfazer as duas mães, no que uma delas pula na frente e protege a criança com seu corpo, exclamando que a outra poderia ficar com a criança, não a matassem, por amor de Deus. Só a mãe verdadeira teria essa coragem e esse amor incondicional. Fato.
Salomão segue feliz em seu reinado pleno de realizações, até que se apaixona loucamente pela Rainha de Sabá, a qual se torna uma das suas esposas e lhe dá um filho, escolhido para ser seu sucessor. Os conselheiros e povo, por sua vez, não permitem que tal se dê, porquanto o reinado não poderá, segundo as leis de Israel, ser dado a estrangeiros, de fé alheia a das 12 Tribos de Israel. Louco de dor, inconformado pela partida da Rainha de Sabá e do filho que teve com ela, Salomão deblatera contra tudo e todos, e declara que “tudo é vaidade”.
“Do pó, ao pó”. Eis o nosso reinado. Tudo o que permeia nossa vida, entrementes, é vaidade. Vaidade do corpo. Vaidade da inteligência. Vaidade do poder. Vaidade do conhecimento. Vaidade das religiões. Vaidade de viver. Vaidade dos que decidem, dos quementem, dos que nos decepcionam. Vaidade! Tudo vaidade! Com exceção do amor e da fé, tudo o mais é vaidade. Somos nada. Orgulho e vaidade. Viemos do pó e para ele retornaremos. Eis o destino de cada um de nós. Ninguém é mais, sabe mais, pode mais, detém a verdade mais do que o outro. O tempo se encarrega de soterrar toda vaidade. Pois só o “tempo é senhor da razão”, diz também o conhecido provérbio popular.
*Norma Moura é advogada e pedagoga - nmoura9@hotmail.com