Já fiz um artigo tempos atrás intitulado Nossa Tribuna explicando um pouco do que entendo deste inestimável espaço. Agora o Senhor Diretor deste jornal, mais uma vez me colocando no aperto, anuncia que vou fazer mais artigos por semana. Não disse nenhuma inconfidência, porém, precipitou uma vontade e um pensamento do articulista. Realmente, após ponderar bastante, acredito que poderei estar frequentando o jornal por mais vezes. Isto após meditar bastante e me convencer de quais assuntos estarei tratando.
E, por infeliz coincidência, a cidade perdeu nestes dias três grandes comunicadores. Cada um ao seu estilo, porém, todos muito competentes. Tudo que faziam assinavam embaixo e, importante, às claras, publicamente. O Fauzi, um lutador, conheci desde que o mesmo era ainda criança e tínhamos o carinho e o respeito da convivência. O Wagner foi um companheiro de muitas horas, na política e nas festas, encantando com seu canto. O Arthur, não tive a oportunidade da convivência, porém, sempre soube que possuía muitos amigos e, nas vezes que li seus artigos me diverti muito e percebia os recados. Pois é, cada um ao seu estilo deixa saudades e, principalmente, lições.
A cidade de Votuporanga sempre abrigou em seu seio pessoas interessantes, inteligentes e perspicazes. Muitos se foram em silêncio, sem barulhos e homenagens, mas aqueles que os conheceram de perto sabem de seus valores. Uma cidade não pode desprezar a memória e nem medir valores em pessoas pelo peso dos talões de cheque ou dos cargos que tenham ocupado. Muitas vezes as grandes abnegações e contribuições aparecem anonimamente, ou, no mínimo, discretamente. Existe um senhor em nossa cidade que na sua eloquente humildade me proibiu de falar dele. Um grande homem, em todos os sentidos, talvez maior ainda por não querer nada e ter contribuído muito, nem tanto com dinheiro, porém, com valores e decência inabaláveis.
Construir uma cidade é fácil. Vejam só o exemplo de Brasília que, depois de bilhões gastos ali, tornou-se uma cidade grande e fervilhante, jamais uma grande cidade.
Construir uma grande cidade é um pouquinho mais difícil, porque precisamos juntar aos bens materiais os valores de uma filosofia que forneça as diretrizes para o bem estar geral. Por isso, desde os mais simples cidadãos em todos os lugares da cidade até os seus maiores figurões, todos devem estar sempre ligados e prontos para transmitirem às futuras gerações exemplos que possam dignificar a existência da comunidade. Aqueles que, porventura, por vaidades, interesses pessoais ou prepotência subverterem este pensamento e esta filosofia (da cidade), estarão contribuindo para o esfacelamento do grande trabalho realizado anteriormente por todos que, em qualquer época, agiram com firmeza e dignidade. É isso ai meus ilustres leitores, coisa para se pensar... Por pessoas que sabem pensar.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados