“Número de beneficiados por programas de aprendizagem cresce 42% em todo o Brasil”. “Quantidade de novos contratos assinados por estagiários é 7,5% maior em 2012”. Aí estão duas manchetes que poderiam estar estampadas na mídia, caso uma parte dos jornalistas não preferisse criticar o copo meio vazio em lugar de destacar o copo meio cheio, como brinca a analogia que pontua a diferença entre os otimistas e os pessimistas. Os percentuais são extraídos de balanços do CIEE sobre o comportamento da aprendizagem e do estágio. Assim, constata-se que foram geradas vagas que absorveram 32 mil aprendizes e 221 mil estagiários.
Ora, desconsiderar a importância dessa tendência de alta é alimentar um ciclo vicioso que dificulta a inclusão de jovens no mercado de trabalho, movido pela falta de renda e desestímulo à qualificação profissional adequada. É ignorar que a fatia mais grossa das vítimas do desemprego, que inclui até mesmo aqueles que passam pela fase estudantil e /ou universitária. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a média nacional de desemprego beira 6%, o índice chega a 12,6% na faixa etária de 20 a 24 anos e é ainda maior no segmento de 15 a 17 anos, com 22,9%. E ainda: quem mais depende de estágio e aprendizagem, hoje, são jovens da classe C, D e E. O percentual de quem vem desses nichos demográficos é de 69% entre os aprendizes e de 54% entre os estagiários, dobrando a relevância de toda a renda gerada como remuneração a tais atividades. A realidade está batendo à porta e ignorá-la é retardar ainda mais a solução de problemas históricos que afligem o país, formando um verdadeiro gargalo ao desenvolvimento econômico.
As leis referentes à formação profissional dos jovens, é preciso reconhecer, estão demandando alterações que tornem mais clara suas condições de aplicação e até mesmo as adequem à realidade do mundo empresarial. Entretanto, vale ter claro que há inúmeras organizações – dentre as quais o CIEE se destaca por sua capilaridade nacional e história de 48 anos – dispostas a auxiliar as empresas a superar os, digamos, dificultadores legais, na implementação de tais programas, sem desrespeitar as normas legais.
Além de prestar o leque completo de serviços gratuitos voltados à inclusão profissional de jovens estagiários, o CIEE acompanha de perto a vida desses beneficiados, conhecendo de perto anseios, aspirações e motivações dessa geração. Algumas dessas histórias e duas pesquisas inéditas sobre o perfil do estagiário e do aprendiz motivaram uma reportagem especial da edição 103 de sua revista institucional Agitação, pode ser acessada gratuitamente no site www.ciee.org.br. É um material rico que pode, quem sabe, inspirar até os jornalistas mais pessimistas a lançar um novo olhar sobre o valor dessas modalidades de capacitação profissional.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp