O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, do PT paulista, descobriu a solução mágica para ajudar Estados e Municípios a pagar R$ 1.451,00 mensais aos professores (como, aliás, se este salário não fosse baixíssimo para a relevância da função que deveria remunerar): usar 30% dos recursos do pré-sal na Educação.
Maravilha! Quando forem superadas as dificuldades ainda existentes para produzir petróleo no pré-sal, quando as instalações estiverem concluídas - poços, tubulações, barcos, etc. - o petróleo será vendido e com parte dos lucros haverá ajuda a Estados e Municípios para que paguem os mega-salários de R$ 1.451,00 dos professores. Demora; mas, se os professores sobreviveram até agora ganhando menos do que isso, ficarão felizes em saber que um dia talvez recebam a fortuna mensal citada. Também, claro, entenderão que petróleo submarino, ainda mais no pré-sal, pode criar problemas, gerar atrasos, essas coisas. E explicarão tudo direitinho ao padeiro, ao açougueiro e ao cobrador de impostos.
Alô, Aloízio! Mercadante é professor e sabe que professores precisam ganhar bem, não apenas por eles, mas para que tenham condições de estudar, ensinar, educar. Mas talvez não saiba que R$ 1.451,00 mensais estão longe de ser um bom salário (cada senador, por exemplo, custa mais de R$ 100 mil mensais, e ninguém lhes pede que aguardem o pré-sal). Talvez não saiba que falta dinheiro para professores, mas não para nomear nos municípios, Estados, União.
Enquanto a solução ficar para o futuro, o Brasil continuará sendo só o país do futuro.
Dúvida cruel 1
A Disney tem dois enormes parques nos Estados Unidos: Disneyland e Disneyworld. Há uma Disneyworld em Paris, outra em Tóquio. A Universal tem um grande parque temático em Orlando, EUA; ali por perto há o monumental Busch Gardens - que tem, também, parques de diversões espalhados pelo mundo. Alguém já ouviu falar de um acidente como o do Hopi Hari nesses parques? Não, os gringos não são melhores do que nós: é que lá a fiscalização existe.
Dúvida cruel 2
Qual o nome dos proprietários do Hopi Hari? Fala-se ora num fundo de investimentos, ora num grupo chamado Íntegra, mas informação precisa, nada. Quando automóveis da multinacional Mitsubishi apresentaram falhas acima do aceitável, o presidente da corporação deu entrevista assumindo a culpa.
Será o Hopi Hari mais importante que a Mitsubishi, para que seus donos sejam tão discretos?
A semente da tragédia
Quer ver uma série inacreditável de declarações de boas intenções? Vá ao site do Hopi Hari -http://www.hopihari.com.br/institucional/default.aspx. Uma empresa que tem há dez anos a cadeira de um brinquedo perigoso com defeito, sem qualquer identificação, coloca em seus princípios algo como “Ética- o nosso compromisso é com a transparência, coerência e respeito ao indivíduo”.
Pode? Veja a Visão e os Valores do parque no sempre atento Blog da Marli Gonçalves, em http://marligo.wordpress.com.
Vale a pena ler - é muito descaramento.
O ídolo das minhocas
O novo ministro da Pesca, senador Marcelo Crivella, do PRB fluminense, já se definiu: não sabe nem botar uma minhoca no anzol. Também não sabe que pesca, como atividade econômica de porte, não se faz com vara, minhoca e anzol. Já a presidente Dilma Rousseff não se definiu. Sua escolha é estranha:
1 - Crivella é evangélico, mas não conversa com todos os evangélicos (Silas Malafaia, cuja Assembleia de Deus - Vitória em Cristo tem crescido muito, e Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que num culto interditou a Via Dutra- não se dão com Edir Macedo, da Universal, tio de Crivella);
2 - Crivella é do PRB, mas se o PRB obrigar seu candidato à Prefeitura paulistana, Celso Russomanno, a apoiar o petista Fernando Haddad, jogará Malafaia e Valdemiro do lado oposto da luta, com argumentos religiosos - como aborto, ou o kit gay que Haddad quis distribuir nas escolas. Russomanno, bem nas pesquisas, não parece feliz em ser usado como moeda de troca. Diz que não desiste.
3 - Se não é para conversar com evangélicos, nem obter alianças em São Paulo, nem tratar de temas como minhocas no anzol, por que Crivella na Pesca?
Maldade pura
Há quem diga que Dilma queria mesmo era se livrar de Luiz Sérgio, o ministro anterior. E, para isso, nomeou o primeiro político de que se lembrou.
Surra em Alckmin
O governador Geraldo Alckmin tomou uma surra brava onde o Palácio deveria ser invencível: seus dois candidatos ao Conselho da Fundação Padre Anchieta, que mantém a TV Cultura e é mantida pelo Governo, não alcançaram votos suficientes para se eleger. O presidente da Fundação, João Sayad, já foi ministro de Sarney, secretário de Marta Suplicy, do PT, e é ligado a José Serra. Os representantes do prefeito Kassab não apareceram para votar. Alckmin que se cuide.
Sem crise
Não se preocupe com a rebelião do PMDB contra Dilma. O partido está mesmo insatisfeito, mas nada que uma caneta e um Diário Oficial não resolvam.
*Carlos Brickmann é jornalista