Bem-vindos a bordo do maior navio da história universal. Bem-vindos ao Titanic! Já estava no início do século XX e os mais recentes progressos da ciência e da indústria, aliados às grandes descobertas e invenções, faziam prever uma enorme alteração na vida e nos hábitos das populações, principalmente na desenvolvida Europa. A par da generalização dos trilhos-de-ferro, apareciam os primeiros carros movidos a motor de explosão, melhoravam as vias de acesso, desenvolvia-se a indústria pesada, nasciam as grandes construções e obras de engenharia. Aos poucos o quotidiano de todos ia sendo alterado, mesmo com coisas aparentemente insignificantes. Santos Dumont, colocou o mundo aos seus pés quando fez voar o 14 bis. O cinema era já um sucesso, embora só anos mais tarde juntasse à imagem e som; a lâmpada eléctrica ajudava a debelar a escuridão da noite; dava-se corda ao gramofone para ouvir as grandes vozes da época; Bell divulgava seu invento; a telegrafia sem fios dava os primeiros passos e adivinhava-se um mundo melhor para viver, mais justo, sem guerras e onde todos seriam mais felizes…Entretanto as grandes obras nascidas da euforia do início do século destaca-se o Titanic, o maior, o mais rápido, o mais luxuoso e o mais seguro navio do mundo. As declarações dos seus proprietários e construtores, os elogios da imprensa inglesa, tornaram o Titanic “insubmersível” , um navio que ”o próprio Deus” não poderia afundar. Os fatos demonstravam uma total confiança na embarcação de tal forma que, com a chegada das primeiras notícias sobre o choque com o iceberg, durante algum tempo, ainda se afirmava que a embarcação permanecia a flutuar, que nenhuma vida havia sido perdida e a maior questão era a de qual doca nos Estados Unidos, conseguiria receber tão grande embarcação para reparos. O que aqui se vai mostrar corresponde a uma enorme tragédia humana, morreram 1503 pessoas entre homens mulheres e crianças. Morreram ricos e poderosos, gente que fez do maior barco do mundo o seu hotel de luxo, o mais luxuoso, gente que desfilava jóias e roupas caras, que dançava nos grandes salões ao som de grandes orquestras. Mas morreram também pobres, a maioria de origem irlandesa, gente que ia para a América do Norte, atraída pelo sonho de uma vida melhor. Destes mais de 1500 mortos, a grande maioria eram passageiros da terceira classe, gente humilde que não teve lugar nos botes salva-vidas. Morreram famílias inteiras e crianças de poucos dias de vida. Gostaríamos de prestar uma homenagem a todos estes homens, mulheres e crianças, que na madrugada do dia 15 de Abril, pelas 2 horas e poucos minutos, quando já só flutuava uma pequena parte do que restava do maior navio de todos os tempos, quando eram ouvidos, vindos do mar, os gritos de dor e sofrimento, estas pessoas corajosas, sabendo da sua morte próxima, quiseram acabar as suas vidas cantando uma canção religiosa. É uma simulação do que terá acontecido nesse momento que, em forma de homenagem. O Titanic continua vivo. Vivo não só pelos filmes, documentários, exposições, livros, mas também na memória coletiva, porque milhares de pessoas se revêem em alguma das 2208 pessoas que, um dia, embarcaram no maior navio do mundo, em direção a um sonho mas cujo final foi dos mais trágicos da nossa história recente. A honra e a glória sempre estarão acima do tempo. Era certamente isto que pensaram os homens e mulheres que morreram no afundamento do Titanic. É também isto que se pretende que, apesar do tempo já passado sobre a tragédia, continuemos todos a pensar. Fontes: Del.icio.us- Facebook.
*Horácio Delalibera- horaciodelalibera@bol.com.br