Há poucos gênios no mundo. Há pouquíssimos gênios no Brasil. Chico Anysio era gênio e faria sucesso em qualquer país do mundo. Millôr Fernandes era gênio. De tanto falarem que, se ele escrevesse em inglês, estaria milionário, escreveu um pequeno artigo em inglês e concluiu que não tinha ficado rico, não.
Chico Anysio era compositor, ator, criador, redator, homem de rádio, diretor de TV, humorista, tudo o que se possa imaginar na área eletrônica. Millôr era humorista, redator, criador, tradutor de primeiríssima linha, jornalista, autor de teatro, pensador, frasista. Nenhum dos dois precisava de palavrões, insultos; o grotesco passava longe de ambos. E os dois eram engraçadíssimos.
Millôr teve forte atuação política: foi fundador de O Pasquim, escreveu com Flávio Rangel a peça Liberdade, Liberdade, ambos marcos da resistência ao regime militar. Deixou um posto bem pago e de destaque no jornalismo, as páginas iniciais da revista Veja, por apoiar a candidatura de Leonel Brizola ao Governo do Rio. Ocupou algum cargo no Governo Brizola? Não. Recebeu algum benefício do Governo Brizola? Não. Pediu indenização pelos prejuízos que o regime militar lhe causou, fechando a revista O Pif-Paf e dificultando ao máximo a vida de O Pasquim? Não - ao contrário, criticou os que pediram indenização, dizendo que pelo jeito não tinham feito oposição, mas um investimento.
Deus, dizem, é brasileiro. E nestes dias está convocando os melhores compatriotas para sua Divina seleção.
Os novos pobres
Do senador Cyro Miranda, do PSDB de Goiás, aquele parlamentar que acha que os congressistas brasileiros são muito mal remunerados:
“Tenho pena dos que vivem com R$ 19 mil”. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, fazem parte das classes A e B as famílias com renda mensal superior a R$ 4.591.
Cyro Miranda, como senador, deve fazer parte da classe especial.
Nem sonhar
A possibilidade de que Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, seja vice na chapa de José Serra à Prefeitura de São Paulo, é zero. Meirelles pretende dedicar-se ao banco do grupo JBS, cuja presidência acaba de assumir. Seu partido, o PSD do prefeito Gilberto Kassab, caminha para aclamar como candidata a vice de Serra a atual vice, Alda Marco Antônio, com elogiado trabalho como secretária de Assistência e Desenvolvimento Social.
Primeiro de abril!
A presidente Dilma Rousseff diz que não permitirá “esse negócio do toma lá dá cá” em sua administração.
Perfeito: o que ocorre é exatamente o contrário.
Lá e cá
O provável candidato do PSDB à sucessão presidencial, senador Aécio Neves, finalmente fez um discurso de críticas ao Governo Federal. Segundo Aécio, o Governo está parado. É possível; só que a oposição fez questão de parar junto.
Eficiência? Que é isso?
O advogado gaúcho Rodrigo Severiano da Silva foi informado, pelo Diário Oficial, de que um cliente seu recebera o alvará para levantamento de uma quantia não especificada, referente a antigo processo. O advogado foi à Justiça do Trabalho, pagou R$ 6,50 por uma hora de estacionamento, pegou o alvará. Via única, claro; para prestar contas ao cliente, tirou uma cópia, R$ 0,10. Foi ao banco e só então soube qual era o saldo a receber: R$ 0,70. Para receber esta quantia, conta o excelente portal jurídico Espaço Vital (www.espacovital.com.br), o advogado gastou duas horas e R$ 6,60. Despesa que teria sido evitada se, na publicação do Diário Oficial, constasse a quantia a receber.
Mas, como em todo o Brasil, por que permitir que um advogado trabalhe com eficiência?
O que é, o que é
Do jornalista Mário Marinho, comentando um dos aspectos do caso do senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás:
“O senador Demóstenes Torres é sócio desde 2008 do empresário Marcelo Limírio na Nova Faculdade, de Contagem, Minas. Em outro empreendimento, o Instituto de Ciências Farmacêuticas, Limírio é sócio de Andrea Aprígio de Souza, ex-mulher de Carlinhos Cachoeira. O primeiro suplente de Demóstenes no Senado, Wilder Pedro de Morais, é ex-marido de Andressa, hoje casada com Carlinhos Cachoeira.
“Pergunto: qual o nome do programa de televisão: Laços de Família? A Grande Família? Você decide”.
Definido
Há forte pressão dos candidatos do DEM nos vários Estados para que o senador Demóstenes Torres, de Goiás, se afaste (ou seja afastado) do partido. Motivo (que, obviamente, não é o problema ético): as acusações contra Demóstenes, verdadeiras ou falsas, respingam no partido e prejudicam seus candidatos em todo o país.
Na cúpula do DEM, quem articula uma solução é o senador José Agripino Maia. Mas não pretende atuar sozinho: quer receber o apoio da Executiva.
*Carlos Brickmann é jornalista