Quando se fala em acidente de trânsito costuma-se trocar as bolas e dizer que as ruas e avenidas são armas letais. Na verdade, o “trânsito” não tem culpa em fatalidades ocorridas em Votuporanga, nas rodovias ou em qualquer lugar do planeta. O “trânsito” – o conjunto de vias, veículos, etc – é elemento passivo de um agente chamado motoristas ou condutor. Esse sim é o “culpado” pelos desastres que ceifam milhares de vidas pelo Brasil afora diariamente, sem contar os feridos. Vamos abordar a questão verificada em Votuporanga.
Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública apontam uma realidade preocupante para todos nós. O número de mortos em acidentes totaliza mais do que o dobro das mortes por assassinatos. Em 2011, sete pessoas foram mortas em homicídios (assassinadas).
A maioria dessas pessoas foi vítima de briga, vingança, acerto de contas. No mesmo período, 15 pessoas perderam a vida no “trânsito”, conforme a estatística oficial da SSP.
Nos homicídios dolosos – quando alguém mata outra pessoa com arma - a dinâmica envolve o dolo, a vontade do autor. Mas e no trânsito? Apesar de algumas exceções, o responsável por acidente com morte não vai pra cadeia.
Prevalece, quase sempre, no âmbito judicial, o entendimento de que não agiu com a intenção de matar. Em nossa Comarca, contudo, já houve sentenças reconhecendo a intenção do motorista de provocar o resultado desastroso.
Na prática, os juízes dependem de uma série de provas para qualificar a objetividade dolosa e responsabilizarem os culpados.
A punição, entretanto, é posterior ao fato. Quem morreu, morreu! Sobra a família, os traumas dos feridos, etc.
Caro leitor, continuemos a comparação motivacional. Nos assassinatos violentos, a “culpa é do sistema”, questões sociais, criminalidade, drogas. Neste caso, temos motivos de sobra. Já as mortes no trânsito acabam sempre sem muitas explicações. A culpa, curiosamente, repito, é sempre do “trânsito”. Quando falta justificativa sobra culpa até para as ruas, veículos, clima chuvoso, etc, etc.
Na análise local, temos de reconhecer melhorias significativas na infraestrutura do sistema viário nos últimos anos. Semáforos, sinalização e até radares foram instalados pela Prefeitura. A fiscalização da polícia e dos agentes municiapis é rigorosa, mesmo assim o número de acidentes só aumenta.
Nos resta apenas uma conclusão. Como motoristas, estamos deixando a desejar! Respeitar a velocidade e a sinalização, ficar longe de bebidas alcoólicas ou substâncias entorpecentes quando formos dirigir pode mudar sobremaneira essa realidade. Faça a sua parte!
*José Luiz Lançoni é jornalista